Do princípio da correspondência
No tempo do Egito Antigo, entre 1.500 a 2.500 a.C., viveu Hermes Trismegisto, o “Três Vezes Grande”, a quem é atribuída a criação da Escola de Mistérios. Segundo consta, nessa Escola foram iniciados Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, entre outros, e ela se tornou a base do ensinamento esotérico, que desde então tem servido de fundamento para as diversas ordens ao longo dos tempos.
“O Cabailion” (Ed. Pensamento), é um livro escrito por Três Iniciados do hermetismo, anônimos, publicado em 1908 e republicado desde então. A obra reúne trechos dos escritos de Hermes, como os sete Princípios Herméticos que regem todas as coisas manifestadas, e a Tábua de Esmeralda – o mais famoso texto alquímico conhecido –, cujo entendimento está a desafiar até hoje as mentes dos estudiosos dos mistérios: “Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do entendimento.”. Para os estudiosos, tanto a autoria como a origem do nome do livro permanecem desconhecidos. O livro descreve as seguintes leis herméticas:
· Lei do mentalismo: "O todo é mente; o universo é mental".
· Lei da correspondência: "O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora".
· Lei da vibração: "Nada está parado, tudo se move, tudo vibra".
· Lei da polaridade: "Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis".
· Lei do ritmo: "Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação".
· Lei do gênero: "O gênero está em tudo: tudo tem seus princípios masculino e feminino, o gênero manifesta-se em todos os planos da criação".
· Lei de causa e efeito: "Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei".
Hoje, vamos tratar da lei da correspondência: “O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora”. Não é igual, é análogo. O próprio nome está a indicar: correspondência.
A internet é pródiga em fornecer dados e informações sobre uma grande gama de assuntos. No que se refere ao princípio da correspondência não é diferente; assim, de acordo com o site Astrolink, encontramos:
“O princípio da correspondência sempre foi utilizado como recurso metodológico em vários campos da ciência. A própria compreensão do espaço só pôde ser possível a partir do conceito de escalas na geometria – o nosso universo visível nada mais é do que uma pequena representação de algo maior.
A descoberta da própria natureza do átomo se deu a partir dessa correlação: a partir de uma analogia com o sistema solar, o físico Ernest Rutherford descobriu que o átomo é composto, em grande parte, por espaços vazios, com elétrons de carga negativa (assim como os planetas) girando em torno de um núcleo com carga positiva (assim como o Sol).
Na biologia, o curso dos rios e das correntezas servem de analogia para a corrente sanguínea.
Na sociologia, Émile Durkheim diz que a sociedade se estrutura como um "organismo" social. Inúmeros são os exemplos do uso do princípio da correspondência para alcançar um maior entendimento, seja em questões científicas como do cotidiano.
O princípio da correspondência é aplicado em todas as religiões, por meio das metáforas e analogias presentes nos mais diversos textos sagrados. A Bíblia diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: aqui encontramos a primeira grande correspondência. Assim como Deus, o homem também cria o seu próprio universo, que é mental; porém, a mente humana é imperfeita, portanto, assim é aquilo que criamos.
O Espiritismo é uma das doutrinas que mais se debruçam sobre o princípio da correspondência. ‘O próprio conceito de karma nos diz sobre algo que corresponde a vidas passadas; aquilo que encontramos nos planos celestiais corresponde ao que vivemos e fazemos no plano terrestre’”.
No Caibalion, encontramos a definição de correspondência do ponto de vista esotérico:
“Este princípio contém a verdade que existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da existência e da vida. O velho axioma hermético diz estas palavras: ‘O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima. O que está dentro é como o que está fora’
A compreensão deste princípio dá ao homem os meios de explicar muitos paradoxos obscuros e segredos da Natureza. Existem planos fora dos nossos conhecimentos, mas quando lhes aplicamos o princípio de correspondência chegamos a compreender muita coisa que de outro modo nos seria impossível compreender.
Este princípio é de aplicação e manifestação universal nos diversos planos do mundo material, mental e espiritual: é uma Lei Universal. Os antigos hermetistas consideravam este princípio como um dos mais importantes instrumentos mentais, por meio dos quais o homem pode ver além dos obstáculos que encobrem à vista o desconhecido”.
Enfim, aqui temos material que deverá ser objeto de um estudo muito profundo por parte daqueles que se aventuram no campo esotérico, merecendo naturalmente uma atenção especial.
Bom estudo, livres pensadores.
(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.
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