Ferrugem da soja: manejo preventivo ou calendarizado?
A partir da safra 2012/2013, o período de vazio sanitário inicia e termina 15 dias antes do que costumávamos observar em Mato Grosso do Sul, devido a publicação da Lei Estadual Nº 4.218/2012. Essa antecipação traz alguma consequência para o controle da ferrugem? Vejamos quais as possíveis implicações dessa mudança.
Como o início do vazio sanitário, que antes era dia primeiro de julho, passou para 15 de junho, o controle das plantas voluntárias de soja deverá ser realizado, no mínimo, 15 dias antes. Assim, antecipar o vazio sanitário significa retirar o inóculo (fonte de doença) das lavouras mais cedo. Isso contribui para o manejo da ferrugem.
No entanto, como o vazio sanitário também termina mais cedo (15 de setembro) e a semeadura da soja passa a ser permitida a partir dessa data, aumentam-se as chances de que a ferrugem chegue mais cedo na região. Para quem semeou a soja cedo, não há problema nenhum. Pelo contrário, facilita o manejo da doença. Mas essa condição pode aumentar a dificuldade de manejar a ferrugem nas lavouras semeadas mais tarde, pois maior quantidade de inóculo da ferrugem terá sido produzida, já que a soja foi semeada mais cedo nas lavouras próximas.Ou seja, é bom por um lado, mas pode dificultar por outro. O que importa é estar atento e realizar um adequado monitoramento da lavoura.
Esse é o principal motivo que nos leva a escrever este artigo: o produtor de soja deve monitorar a sua lavoura, procurando pela ferrugem, já a partir da fase vegetativa. Atenção: não é possível prever, estabelecer ou dizer, com antecedência, que se fará uma aplicação de fungicida preventiva em R1 ou R2, por exemplo. E se a ferrugem chegar antes disso na lavoura? As chances de que isso aconteça nas lavouras tardiassão maiores agora, com a antecipação do vazio sanitário. Não podemos confundir “alhos com bugalhos”. Controle preventivo é uma coisa, controle por calendário é outra.
O produtor que estabelecer previamente que fará a primeira aplicação de fungicida no florescimento (ou no fechamento das ruas, ou em outro momento) e não monitorar sua lavoura para ver se a ferrugem chegou lá antes dele, precisa assumir que fez aplicação calendarizada (confiou na sorte, na experiência, em alguém, etc.), e não preventiva. Prevenção exige monitoramento. A sugestão é que se estabeleça um limite e se monitore antes. Por exemplo: que a primeira aplicação seja, no máximo, no florescimento pleno, mas com monitoramentoconstante antes disso, e se a ferrugem for constatada durante o monitoramento, antecipa-se a aplicação.
(*) Alexandre Roese é engenheiro Agrônomo e fitopatologista da Embrapa Agropecuária Oeste
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