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Isto também passará

Por Heitor Freire (*) | 23/03/2020 07:40

Como é bom quando começamos a entender o que realmente está acontecendo. De repente um pequeno vírus, invisível aos nossos olhos, transforma, muda, modifica tudo. Os poderosos do mundo também estão perplexos, confusos, desorientados, sem saber onde encontrar apoio para dar curso às suas iniquidades. A arrogância cedeu lugar à perplexidade. Tudo mudou. Acabou o que era aparentemente doce, a ilusão do poder. De hoje em diante tudo vai ser diferente, como já cantou Roberto Carlos. A maior mudança será nos costumes.

Os exércitos mais bem equipados do mundo não conseguiram impedir a invasão do vírus que se constituiu no inimigo mais destruidor de todos os tempos. Entendo que essa invasão é uma ação da Ordem Maior. Já que não conseguimos aprender e praticar o amor como nos ensinou Jesus, vamos aprender pela dor.

Por um passe de mágica, o ego que nos escravizou desde sempre, perdeu o seu poder, passamos a entender que ninguém é melhor do que o outro. Todos somos semelhantes e irmãos. Os chineses enviaram mensagem aos italianos, divulgada na internet: “Somos ondas do mesmo oceano, somos folhas da mesma árvore, somos flores do mesmo jardim”. A fraternidade está no ar, mais forte do que o vírus.

Ibne Sina, nascido na Pérsia, considerado o pai da medicina moderna, ensinava:

“A imaginação é a metade da doença;

A tranquilidade é a metade do remédio;

E a paciência é o primeiro passo para a cura”.

Abu Ali Hucein ibne Abdala ibne Sina, conhecido como Ibn Sīnā ou por seu nome latinizado Avicena (980-1037), foi um polímata (aquele que conhece muitas ciências) que escreveu tratados sobre variados assuntos, dos quais aproximadamente 240 chegaram aos nossos dias. Em particular, 150 desses tratados se concentram em filosofia e 40 em medicina.

Ele ensinava que “não se deve tratar as doenças, mas sim as pessoas que padeciam das doenças”.

***

Por isso tudo que estamos vivendo, vamos refletir sobre a Era de Aquário, um tempo que proporciona um novo despertar para a humanidade, um novo alento. Já se percebe a presença do espírito da fé, da gratidão, da perseverança e da solidariedade, indispensáveis para este momento.

Precisamos seguir em frente, encarar todos os obstáculos com consciência – mesmo porque não há outro jeito –, e assim fazer de nossas vidas um hino de amor e de gratidão a Deus, cumprindo os ensinamentos que Jesus nos proporcionou de forma simples, clara e verdadeira.

Também estamos no alvorecer do outono, que é a estação mais espiritualizada do planeta e está no ar, de novo e sempre, trazendo em seu bojo a dimensão da transitoriedade, da renovação, da transformação, do desapego, do esvaziamento para preenchimento pelo novo: o outono chegou!

***É uma estação tão marcante que renova e embeleza tudo. É a estação do silêncio, do recolhimento, da meditação, da reflexão. É a chegada da serenidade. Saber esperar é uma virtude. Aceitar sem questionar, que cada coisa tem seu tempo certo para acontecer ... é ter fé!

O outono nos leva à meditação serena e silenciosa, quando também aprendemos que cada um deve viver sua vida de forma natural e individual, sem permitir influências externas e deve ser vivida de uma nova maneira.

Passado o verão com sua agitação inerente, nos encaminhamos para o recolhimento do inverno, passando por uma transição natural, num momento próprio para encontrarmos serenidade e prazer, a fim enfrentarmos os obstáculos e os problemas da vida.

Quando chega o outono, com a harmonia de um céu cristalino, advém uma lição de sabedoria, a pessoal e intransferível responsabilidade de cada um, de buscar e viver a inefável experiência da existência. Esse momento nos proporciona a oportunidade de um encontro íntimo, convidando e estimulando nossa espiritualidade para um encaminhamento único em busca do bem.

Vamos unir a espiritualidade e o recolhimento do outono com os momentos que estamos vivendo.

Quando tudo passar, e isso acontecerá, utilizemos os momentos vividos como lição perene de aprendizado e de elevação espiritual.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, associado ao Instituto Histórico e Geográfico/IHG – MS.

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