O governo da presidente Dilma não existe mais. Exercício sobre “tem que”
O governo federal, com relação ao povo, age com o mandonismo do “tem que.”. Para o governo federal, o povo sempre “tem que”, e isso o inibe, o impede como se ele sempre estivesse errado ou no limite para errar; ou como se o governo fosse uma divindade que tenta nos colocar no quase pecado, ou no pecado absoluto, por isso o governo federal sempre tenta nos assustar com o medo do, você “tem que”...
Para tentar sentir as reações de cada um de nós, vamos admitir o anseio de muitos. O governo que nos amedronta ou nos deixa com, medo pela sua ineficiência, incapacidade administrativa e alta competência criadora de impostos, que não consegue resolver seus problemas, esse governo a da presidente Dilma, não existe mais. A voz autoritária que não sabe dar sua mensagem objetiva e usa e abusa de mais de trinta minutos falando, sem dar entrevistas coletivas à imprensa; que não permite perguntas e não dá respostas objetivas; que prefere interlocutores ao invés do encontro popular direto, isso foi um pesadelo.
Voltando ao início dessa proposta hipotética de que o governo da presidente Dilma nunca existiu, como é que cada um de nós vai se sentir?
Acabou o governo da presidente Dilma. Ele não existe. Tudo era um pesadelo. Se fizermos essa experiência, duas possibilidades devem surgir: a maioria deve sentir alívio, mesmo as que politicamente apóiam seu governo, mas mais próximos, ouvem gritos e impropérios palacianos, claro, sentir-se-ão desoprimidas, certo?
Uma outra parte se sentirá vazia, perdida, porque estava acostumada a se agarrar, nessa maneira de ver o governo. Aí é importante que estes larguem a insegurança, a desvalorização da auto-estima e procurem dar valor a si próprio, sentindo-se pessoas cheias de capacidade. Que saiam de suas cascas e voem com experiências e valores pessoais.
Que encontrem novo governante que mantenha sua ajuda, mas lhes garanta o crescimento, desobrigando tais pessoas a serem subjugadas ao poder central. Com isso também os que viviam na dependência do governo, no analfabetismo, no desemprego, no subemprego, na baixa auto estima e no medo de faltarem as bolsas qualquer coisa, passarão a se entender como gente cheia de valores que precisam ser respeitadas e valorizadas, não como favores ou meras ajudas, mas como cidadãs e cidadãos merecedores de respeito e dignidade humanas.
Claro que de uma forma ou de outra, todos sentiremos alívio, liberdade. Porque vivemos na opressão. Todos compreenderemos que não vivemos sob uma forma de governo sadia, Assim, os que dependem de bolsas do governo federal para viver, entenderão que perderam preciosos tempos que deveriam ser aproveitados para o crescimento pessoal. Foram perdidos no “endeusamento forçado” de quem tem por dever do cargo, de promover a evolução de compatriotas, e não promover o desvio de milhões de reais para países onde a ditadura massacra o povo, jogando irmãos contra irmãos, muitas vezes sanguinariamente, e o pior: sem a devolução dessa dinheirama para o nosso País e nosso povo.
Bem faz o governo de Mato Grosso do Sul que com sua ajuda financeira a necessitados, garante-lhes o aprendizado profissional, o crescimento individual. Os sul-mato-grossenses têm oportunidade para a independência econômica ao se lançarem a tais empreitadas, tanto nas cidades quanto na vida rural.
Quantos se lançarem ao exercício proposto acima perceberão que viveram e vivem sim, sob o mandonismo de regras destrutivas da auto estima. Então, ao se sentirem aliviados da opressão verão que não contavam com um governo democrático, mas com governo autoritário que os queria na ignorância, no analfabetismo, na falta de aprendizado ou evolução profissional. E não existe culpa aos que vivem ainda sob esse totalitarismo, porque até agora lhes foram impedidas oportunidades para o crescimento. O que quero dizer é que nesse exercício de negação do governo absoluto, autoritário, eu não sou anarquista ou contra o sistema de governo da República, a instituição do Governo Federal ou da Federação e suas demais instituições. Pelo contrário, ao negar essa forma de governo sou plenamente a favor de todo governo que respeite e dignifique seu povo, reforçado com as instituições dos poderes, executivo, legislativo e judiciário e suas extensões democráticas, de segurança interna e externa.
A pessoa mimada, no íntimo, fica satisfeita com o mínimo que lhe é dado, porque desconhece seu próprio poder para se satisfazer, mas se acha coitado, herói por viver com tão pouco, e não tenta se quer analisar a situação de sua sobrevida, para sair da situação em que se encontra. Ou, por outra, não tem força para lutar pela sua libertação porque não lhe é dada condições de educação e capacitação profissional para enfrentar desafios. Sempre é preciso esforço, pois vivemos em aprendizado constante. Assim, se você não gostar de você e mostrar o seu melhor, o governo não lhe valorizará adequadamente, e viveremos de sapato alto e tamanco, onde o sapato alto será a posição do governo e o tamanco seremos nós o povo, por baixo. Isto ninguém deve querer. Assim, ao sairmos aliviados desse exercício sobre o mandonismo, mesmo que por instantes, passamos a entender que se tem alguém “que tem que”, é o governo federal que não está fazendo seu dever de casa. Brasileiras e brasileiros recebam minha compreensão e meu bom dia, o meu bom dia pra vocês.
(*) Ruy Sant’Anna, jornalista e advogado.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.