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O jornalismo e o compromisso com a verdade

Por Átila Kleber Oliveira Silveira (*) | 29/08/2024 13:30

A responsabilidade de um jornalista não está apenas em contar histórias, mas em contar as histórias certas, de forma justa e verdadeira. Ao longo da minha carreira como advogado e gestor público, sempre respeitei o trabalho da imprensa. Mas isso mudou há quatro anos, quando meu nome e a minha reputação foram fortemente abalados pela publicação de matérias me acusando injustamente de um crime sem a devida apuração dos fatos.

Como profissional, sempre me dediquei a oferecer o melhor, cumprindo minhas funções com zelo e comprometimento. No entanto, minha trajetória foi manchada por acusações infundadas, sem que me fosse dada a oportunidade de me defender de maneira justa e adequada. Eu me senti lançado a um tribunal onde a sentença já estava decretada antes mesmo que os fatos fossem devidamente checados.

Isso aconteceu há quatro anos, em 2020, durante as eleições da autarquia dos engenheiros de Mato Grosso, quando uma jornalista contratada pela entidade gravou, sem o meu consentimento, uma conversa, depois usou esse áudio – alguns meses depois – construindo uma narrativa falsa para me denunciar na esfera administrativa e policial por uma suposta prática de constrangimento ilegal.

A situação se agravou com a publicação de matérias que me acusavam de assédio moral. Enfrentei uma repercussão negativa que foi devastadora, que afetou não apenas a mim, como a gestão da qual fazia parte e tentava a reeleição. Na época, fui submetido a um verdadeiro linchamento público sem qualquer compromisso com a verdade.

Aqueles que já enfrentaram acusações inverídicas e viram sua reputação ser arrastada pela vala, especialmente por coberturas jornalísticas sem o devido zelo, compreenderão o que senti naquele momento: um misto de desamparo, revolta e humilhação. Essa experiência dolorosa me fez refletir profundamente sobre o poder e a responsabilidade que acompanham a prática jornalística.

Em um mundo onde a informação circula rapidamente e as narrativas são facilmente moldadas, é essencial que a imprensa exerça seu papel com rigor ético e um compromisso inabalável com a verdade. Cada palavra publicada tem o potencial de influenciar vidas, moldar opiniões e determinar destinos. Por isso, é fundamental que o jornalismo não se transforme em um instrumento de julgamento precipitado, mas sim em um pilar de investigação criteriosa e justiça.

A minha vivência reforça a importância de um jornalismo que, antes de buscar a manchete mais impactante, busque divulgar a verdade em toda sua complexidade, já que a responsabilidade social do jornalista não reside apenas em informar e sim em assegurar que essa informação seja correta e contextualizada. Um compromisso verdadeiro com a apuração dos fatos é o que diferencia uma imprensa responsável de um simples difusor de boatos.

Além disso, essa experiência me mostrou que, como sociedade, precisamos ser mais críticos e conscientes no consumo de informação. Não podemos aceitar passivamente tudo o que nos é apresentado. Devemos buscar fontes confiáveis, questionar o que lemos e entender que, por trás de cada notícia, há vidas reais que podem ser profundamente impactadas por aquilo que é divulgado.

Em última análise, esse episódio, por mais doloroso que tenha sido, está me oferecendo a oportunidade de contribuir para um diálogo construtivo sobre o papel do jornalismo em nossa sociedade. É um chamado para que todos nós – jornalistas, leitores e cidadãos – reflitamos sobre o poder das palavras e sobre a importância de utilizá-las com responsabilidade, integridade e respeito. A verdade deve sempre prevalecer, e só por meio dela podemos construir uma sociedade mais justa e informada.

* Átila Kleber Oliveira Silveira, advogado em Cuiabá (MT)

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