ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  26    CAMPO GRANDE 29º

Artigos

O que fazer ?

Heitor Rodrigues Freire (*) | 09/04/2022 13:30

O ser humano está sempre em construção: ele não nasce pronto e acabado. Vai se desenvolvendo à medida em que vai aplicando o conhecimento, confirmando-o para sua continuidade. Conforme é educado, se aperfeiçoa e evolui, crescendo mental e espiritualmente.

Dessa forma elimina dos seus atos o ego, o interesse, a arrogância, a dominação, a pressa, a preguiça. Daí a importância da célebre frase no frontispício do Templo de Apolo, na ilha de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”, inscrita há mais de dois mil anos.

E reside aí a grandeza da sabedoria de Deus, que torna o ser humano coautor da Sua obra, permitindo que cada um possa contribuir com sua própria inteligência, com seu discernimento, possibilitando a todos o trabalho de sua construção interior, que é infinita. Quando nascemos, não recebemos um manual para nos ensinar o procedimento para nossa caminhada e evolução.

Assim, cabe a cada um descobrir seus talentos, colocá-los em prática e colher o resultado de seus atos. Nisso está a beleza da vida: a descoberta de nós, por nós mesmos e o aperfeiçoamento no processo de evolução da humanidade. Essa descoberta, quando consciente, evitaria que se instalasse qualquer conflito, discussão, condenação ou cobrança entre uma pessoa e outra, porque isso iria, necessariamente, gerar atrito e resistência, concorrendo para a desarmonia no concerto geral das coisas.

As situações que vivemos desde sempre – porque sempre houve disputa – só se resolverão quando todos se perdoarem mutuamente e se harmonizarem de forma consciente, verdadeira e sincera, quando todos compreenderem que devem mudar.

Chegará o momento em que isso ocorrerá. Enquanto isso e a partir do instante que cada um entender e praticar o amor verdadeiro, compreender que o outro é seu irmão e que a discórdia é um fator de separação, decidir mudar o comportamento e contribuir para o bem-estar geral, haverá, então, uma reconciliação global.

Cabe a cada um de nós colaborar para que esse estado ideal se realize, e assim mudar nossos atos, pensamentos, cuidar das nossas palavras, vigiar nossa maneira de ser. Vigiar não no sentido policialesco, mas sim no de observar o sentido da ação consciente. Ou seja, não vigiar o outro, mas a si mesmo.

Cada palavra, pensamento e ação realizados devem ser coerentes para construirmos nossa própria evolução. O nosso subconsciente não é seletivo. O que manifestamos se transforma numa ordem que ele procura converter em realidade. Ele simplesmente obedece. Mas como nossas ações em grande parte são contraditórias, cria-se um estado de confusão, provocando situações que, muitas vezes, são motivo de reclamação por parte de todos. É preciso também aprender a orar.

Não como a repetição automática de uma fórmula sem sentimento, mas com o verdadeiro sentido e a consciência daquilo que se está fazendo. Nós estamos encarnados para concorrer, cada um, para a construção da sua própria evolução. E por meio da evolução alcançar a libertação. E isso só ocorre ao longo de um processo, cujo início se deu no momento da criação do homem. No princípio, desde sempre.

Após ser dada a partida, o processo segue o seu curso e será concluído com a iluminação de cada um. A partir do momento que se alcança o entendimento do que significa a encarnação, com a decisão de palmilhar o caminho conscientemente, abre-se a porta da evolução verdadeira, que nos proporcionará a oportunidade de contribuir com inteligência e vontade para o nosso auto aprimoramento.

É o descortinar de um novo tempo. É a continuidade do moto-perpétuo, de um movimento sincero, simples e constante. Permanente. Se não houver mudança na mente e na atitude, nada mudará. Encerro com um breve comentário sobre quatro verbos que aprendi a conjugar e praticar: saber, querer, ousar e calar. Saber é o caminho da libertação da ignorância.

Querer é uma afirmação perene da vida. Ousar é amar, remando contra a corrente da indolência da humanidade. Calar é o mais difícil, pois exige o controle de si mesmo. No meu entendimento, é o que cabe a cada um de nós fazer.

Heitor Rodrigues Freire (*) – Corretor de imóveis e advogado.

Nos siga no Google Notícias