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Resposta integrada a desastres naturais para pessoas com deficiência

Por Jorge Amaro de Souza Borges (*) | 12/05/2024 08:30

As recentes enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul não apenas deixaram um rastro de destruição e desolação, mas também apresentaram desafios significativos para garantir a segurança e o bem-estar das mais de 800.000 pessoas com deficiência do Estado.

Diante desse cenário desafiador, medidas específicas e urgentes precisam ser tomadas para proteger e atender essa parcela da população, que muitas vezes enfrenta obstáculos adicionais em situações de emergência.

Com base nos dados divulgados pelo governo do Estado, as enchentes já ceifaram pelo menos 100 vidas, deixaram 159 mil desalojados e afetaram mais de 80% dos municípios gaúchos. Em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, o panorama é especialmente alarmante, com ruas submersas e comunidades inteiras inundadas, afetando cerca de 350 mil habitantes e pelo menos 500 pessoas com deficiência encontram-se em abrigos provisórios.

O Protocolo Nacional Conjunto para a Proteção Integral a Crianças e Adolescentes, Pessoas Idosas e Pessoas com Deficiência em Situação de Riscos e Desastres, elaborado pelo Governo Federal em 2012, é um instrumento que desempenha um papel fundamental na orientação das ações de prevenção, preparação, resposta e recuperação em situações de emergência como as enchentes no Rio Grande do Sul.

Esse documento, fundamentado nos princípios da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, estabelece diretrizes claras para garantir a proteção e o atendimento adequado às pessoas com deficiência durante e após desastres naturais, porém, ainda não foi implementado no país.

A resposta integrada a desastres naturais abrange uma série de medidas coordenadas entre diferentes setores, incluindo proteção civil, saúde, assistência social e segurança pública. Essa abordagem visa garantir que as necessidades específicas das pessoas com deficiência sejam consideradas em todas as etapas do processo de preparação, resposta e recuperação.

Antes que um desastre ocorra, é crucial que as comunidades estejam preparadas para enfrentar qualquer eventualidade. Isso inclui a identificação de áreas de risco, o desenvolvimento de planos de evacuação acessíveis e a capacitação de equipes de resposta para lidar com as necessidades das pessoas com deficiência. Além disso, a sensibilização da população sobre a importância da inclusão e da acessibilidade pode ajudar a reduzir a vulnerabilidade dessas comunidades.

Durante um desastre, a resposta rápida e coordenada é essencial para garantir a segurança e o bem-estar de todos os afetados. Isso envolve a mobilização de equipes de resgate treinadas para lidar com situações de emergência envolvendo pessoas com deficiência, a disponibilização de abrigos temporários acessíveis e o fornecimento de assistência médica e psicossocial especializada. Além disso, a comunicação clara e acessível é fundamental para garantir que as pessoas com deficiência estejam cientes das medidas de segurança e dos recursos disponíveis.

Após a ocorrência de um desastre, o processo de recuperação pode ser longo e desafiador. É importante que as comunidades se unam para reconstruir o que foi perdido e garantir que ninguém seja deixado para trás. Isso inclui a reconstrução de infraestruturas acessíveis, a oferta de apoio psicossocial contínuo e o acesso a programas habitacionais inclusivos. Além disso, é essencial que as lições aprendidas com cada desastre sejam incorporadas às políticas e práticas futuras, a fim de fortalecer a resiliência das comunidades.

Diante dos desafios impostos por desastres naturais como as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, é imperativo reconhecer que o maior objetivo no momento é salvar vidas e garantir o acolhimento, abrigo e cuidado para todos os afetados. Mais do que nunca, é essencial exercitar a cooperação, a solidariedade e a empatia, unindo esforços para superar essa crise e ajudar aqueles que mais precisam.

A resposta eficaz a essas situações de emergência não apenas depende da prontidão das autoridades e organizações, mas também do apoio e envolvimento ativo de toda a comunidade. Cada gesto de solidariedade, cada ato de empatia faz a diferença na vida daqueles que enfrentam momentos tão difíceis.

Portanto, à medida que trabalhamos para reconstruir o que foi perdido e mitigar os impactos dessas tragédias, devemos lembrar que a verdadeira força de uma sociedade reside na forma como cuida de seus membros mais vulneráveis.

Ao estender a mão uns aos outros e nos mantermos unidos, podemos superar qualquer adversidade e construir um futuro mais resiliente para todos, e para isso, é essencial garantir a acessibilidade, para não deixarmos ninguém para trás!

(*) Jorge Amaro de Souza Borges é doutor em Políticas Públicas pela UFRGS e pós-doutorando em Desenvolvimento Rural na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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