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Seu filho faz shifting? Venha entender

Por Cristiane Lang (*) | 08/06/2024 08:30

O conceito de "shifting" tem ganhado popularidade entre crianças e adolescentes, especialmente nas redes sociais. Shifting refere-se à prática de tentar transferir a consciência para uma realidade alternativa ou universo paralelo, muitas vezes descrito como um processo intencional que envolve técnicas de meditação, scripts detalhados e visualização.

Para muitos jovens, essa prática oferece uma forma de escape das pressões e insatisfações da vida cotidiana. Em suas "realidades desejadas" (ou "DRs" - Desired Realities), eles podem viver experiências que consideram mais gratificantes, como estar em um mundo fictício favorito, possuir habilidades especiais, ou simplesmente ter uma vida mais emocionante e menos estressante.

Muitos adolescentes enfrentam estresse acadêmico, pressões sociais e desafios emocionais. O shifting pode ser visto como uma forma de lidar com essas dificuldades, proporcionando um espaço seguro onde podem experimentar um senso de controle e realização.

O processo de criar um script detalhado para a "realidade desejada" estimula a criatividade e a imaginação. Eles podem moldar mundos inteiros, personagens e narrativas, o que pode ser uma forma saudável de expressão artística e mental.

As comunidades online dedicadas ao shifting oferecem um senso de pertencimento. Jovens que compartilham suas experiências e técnicas criam laços e encontram apoio mútuo, o que pode ser benéfico para a saúde mental.

Preocupações: Distinção entre Realidade e Fantasia

Há preocupações de que alguns jovens possam ter dificuldades em distinguir entre suas realidades desejadas e a realidade objetiva, o que pode levar a desilusão ou frustração.

Embora a imaginação seja uma ferramenta poderosa, há o risco de que a dependência do shifting como um mecanismo de escape possa impedir esses jovens de enfrentar e resolver os problemas reais de suas vidas.

Os efeitos psicológicos a longo prazo do shifting ainda não são bem compreendidos. É importante que pais e educadores estejam cientes desta prática e acompanhem de perto para garantir que ela não esteja substituindo a busca por apoio emocional e psicológico adequado.

O shifting, como fenômeno, reflete uma necessidade humana profunda de encontrar significado e satisfação, especialmente em fases de vida desafiadoras como a adolescência. Enquanto pode oferecer benefícios criativos e emocionais, é crucial manter um equilíbrio saudável entre essas práticas de imaginação e a vida real. O apoio e a compreensão dos adultos, combinados com recursos adequados de saúde mental, podem ajudar a garantir que essa prática seja explorada de maneira segura e construtiva.

A terapia pode desempenhar um papel crucial na situação do shifting, ajudando crianças e adolescentes a equilibrar suas necessidades de escape com a saúde mental e emocional.

Os terapeutas podem ajudar os jovens a entender por que se sentem atraídos pelo shifting. Isso pode incluir explorar sentimentos de insatisfação, estresse ou desejo de controle e aventura.

Podem ser ensinadas habilidades de enfrentamento que ajudem os jovens a lidar com o estresse e as pressões da vida real de maneira mais eficaz, reduzindo a necessidade de escapismo extremo.

Podem ser ensinadas habilidades de enfrentamento que ajudem os jovens a lidar com o estresse e as pressões da vida real de maneira mais eficaz, reduzindo a necessidade de escapismo extremo.

Se o shifting está associado a transtornos de saúde mental, como ansiedade ou depressão, a terapia pode fornecer intervenções específicas e eficazes. Os jovens devem desenvolver uma identidade sólida e autêntica, com senso de pertencimento e propósito na vida real.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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