Transformar a Educação para uma Educação Transformadora
Os últimos dois anos não serão esquecidos tão facilmente pelos professores e por todos os que vivem da Educação e para a Educação. Termos como GOOGLE CLASSROOM, ZOOM, KAHOOT, DROPBOX, DRIVE, CHAT e muitos outros, que não eram conhecidos de muitas escolas, passaram a fazer parte do vocabulário diário das salas de aula e dos projetos inscritos na atual edição do Prêmio Professor Transformador, lançado em 2019, quando a Educação Transformadora se fazia quase que unicamente de forma presencial.
Nesta edição do Prêmio Professor Transformador, percebemos nos projetos enviados pelos professores como a "nova" realidade, que inundou as velhas escolas, revela a necessidade de uma profunda transformação na educação para que possamos alcançar a tão sonhada educação transformadora.
Para além da intencionalidade que o título do Prêmio Professor Transformador propõe, a transformação se expressa na própria dinâmica do fazer da Educação. Patrono da Educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997) sempre defendeu a transformação do mundo por meio da Educação. E isso começa pela leitura desse mundo: não há aprendizagem sem levar em consideração a realidade na qual o aluno e o professor estão inseridos. Para Freire, a relação entre professor e aluno vai além da dicotomia transmissor e receptor de saber. Para ele, ambos aprendem juntos, transformam juntos. Podemos dizer que estão lançados nesses princípios freireanos as bases da Educação Transformadora e do que entendemos ser um Professor Transformador.
De fato, a Educação Transformadora acompanha a dinâmica do tempo. Se no passado tecnologias como a internet e o celular podiam ser tratadas como dispensáveis ou complementares à aprendizagem, hoje, diante dos efeitos da pandemia de Covid-19, são percebidas como vitais e consideradas pelos alunos como um direito social básico, como revelou o estudo Global Learner Survey 2021* , que abrange opiniões de estudantes e pais de jovens com idade entre 11 e 17 anos, no Brasil, China, Estados Unidos e Reino Unido.
Os projetos participantes da atual edição do Prêmio Professor Transformador, independente da etapa à qual chegaram, evidenciam a importância das novas tecnologias para a Educação que se propõe transformadora. Todavia, um breve olhar sobre o conjunto escancara o abismo tecnológico que, historicamente, separa as escolas públicas das particulares, abismo esse ressaltado pela pandemia; e ao mesmo tempo, evidencia a urgência do setor público em adotar medidas que permitam o acesso igualitário a computadores, celulares, internet, softwares de qualidade e capacitação específica para os profissionais da Educação.
Ao longo do Prêmio, desde o seu nascimento em 2019, tivemos contato com milhares de projetos educacionais verdadeiramente transformadores, que ultrapassam os limites do ambiente escolar e tocam as realidades sociais, ambientais e econômicas dos alunos, mas também os conectam a questões globais. Este é um poderoso combustível para uma transformação da educação que alcance a Educação Transformadora: ser local e global ao mesmo tempo. Um desafio urgente que a Educação precisa encarar!
Este Prêmio e tantos outros nos ajudam a descobrir e iluminar os incríveis trabalhos desses profissionais de todo o país que individualmente estão transformando a educação nas suas escolas e regiões para que em algum momento todo o Brasil possa alcançar a tão sonhada Educação Transformadora. Temos um longo caminho pela frente. São muitas as realidades que ainda precisam ser transformadas pela Educação, mas alegra saber que temos muitos professores preparados que estão ajudando a transformar vidas e contextos de alunos e escolas por todo o Brasil.
Vamos mostrar um pouco deste rico cenário de transformação nas nossas próximas conversas, trazendo os projetos dos 12 professores selecionados para a grande final da 2ª edição do Prêmio Professor Transformador, que acontecerá na Bett Brasil 2022.
(*) Wellington Cruz é professor e idealizador do Prêmio Professor Transformador.