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Meio Ambiente

CEO da Onçafari defende ecoturismo responsável após ataque fatal

Entidade que está há 14 anos pesquisando onça-pintada no Pantanal pede respeito aos animais silvestres

Por Gabriela Couto | 28/04/2025 18:50

Após o trágico episódio ocorrido na região conhecida como Touro Morto, onde um caseiro foi atacado e morto por uma onça-pintada, a ONG Onçafari divulgou um vídeo com seu fundador e CEO, Mario Haberfeld, abordando o caso e destacando a importância de práticas responsáveis no ecoturismo.

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Após ataque fatal de onça-pintada a caseiro no Pantanal, CEO da ONG Onçafari defende ecoturismo responsável. O incidente, ocorrido em Touro Morto, Mato Grosso do Sul, vitimou Jorge Ávalo, que trabalhava em um pesqueiro local. A onça, capturada e levada ao CRAS, apresentava sinais de desnutrição e comportamento incomum, sem medo de humanos. Especialistas atribuem isso à prática ilegal de ceva, que consiste em alimentar animais silvestres para facilitar avistamentos. Mario Haberfeld, CEO da Onçafari, reconheceu a ceva na região e defendeu o trabalho de habituação de onças realizado pela ONG, que prioriza a segurança. A onça capturada será encaminhada para uma instituição de preservação. O caso gerou debate sobre a interação entre humanos e animais silvestres, com especialistas alertando para os riscos da ceva. A Onçafari reforça a importância de um ecoturismo responsável que eduque e proteja a fauna.

O incidente chocou a comunidade local e ambientalistas de todo o país. Jorge Ávalo, de 60 anos, trabalhava há duas décadas em um pesqueiro às margens do encontro dos rios Miranda e Aquidauana, no Pantanal sul-mato-grossense. Ele desapareceu na última segunda-feira (21) e teve seus restos mortais encontrados no dia seguinte, a cerca de 300 metros de onde ocorreu o ataque.

A onça-pintada envolvida no caso foi capturada pela Polícia Militar Ambiental e levada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde passou por avaliação veterinária. Magro e debilitado, o animal apresentava sinais de desidratação e problemas hepáticos, renais e gastrointestinais, além de comportamento incomum: não demonstrava receio da presença humana.

Especialistas atribuem esse comportamento à prática ilegal de ceva, que é a oferta de alimento a animais silvestres para facilitar avistamentos, especialmente em áreas de pesca turística. A ceva é considerada crime ambiental, por caracterizar maus-tratos, e pode causar alterações perigosas no comportamento natural dos animais.

No vídeo divulgado pela ONG Onçafari, Mario Haberfeld reconheceu que a ceva é uma prática conhecida na região de Touro Morto e reforçou que o processo de habituação realizado pela organização com as onças é feito com “muita cautela, paciência e respeito”. Ele explicou que, em alguns casos, o trabalho de adaptação dos felinos à presença de veículos do projeto levou mais de dois anos para ser concluído, sempre priorizando a segurança de humanos e animais.

“Concordamos com a decisão das autoridades e com o protocolo internacional que está sendo seguido”, afirmou Haberfeld, em apoio à medida que prevê o encaminhamento da onça para uma instituição de preservação. Segundo ele, embora a Onçafari acredite firmemente que o lugar dos animais silvestres é na natureza, situações excepcionais como esta exigem precaução para evitar novos conflitos.

O caso também gerou posicionamentos de outras instituições. Rogério Cunha de Paula, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), do ICMBio, justificou a captura do animal como uma ação de segurança. “Esse comportamento alterado representa risco real para pescadores, turistas e moradores da região”, disse.

Gediendson Ribeiro de Araújo, veterinário e professor da UFMS, destacou que o animal havia perdido o medo de humanos, o que é “altamente incomum” em onças-pintadas. O biólogo Fernando Torquato, da ONG Panthera Brasil, lembrou que o Instituto Homem Pantaneiro já vinha alertando desde 2020 sobre os perigos da ceva em pesqueiros do Pantanal.

A história de Jorge Ávalo, conhecido como “Jorginho”, ganhou comoção nas redes sociais. Morador respeitado da região, ele costumava registrar e compartilhar imagens das onças que circulavam pelo entorno do pesqueiro. Ironicamente, essa convivência próxima com os felinos pode ter colaborado para a tragédia.

As investigações sobre o caso seguem em andamento, enquanto especialistas buscam entender melhor os impactos da ação humana sobre o comportamento dos grandes felinos. Para a Onçafari, o episódio serve de alerta. “Precisamos fazer um ecoturismo que não apenas emocione, mas também eduque e proteja”, concluiu Haberfeld.

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