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Viver na superficialidade: uma fuga das questões sérias da vida

Por Cristiane Lang (*) | 11/07/2024 13:30

Em uma era de redes sociais, onde a imagem projetada muitas vezes é mais valorizada do que a realidade, muitas pessoas optam por viver na superficialidade. Essa escolha, consciente ou inconsciente, pode ser uma estratégia para evitar lidar com questões sérias e complexas da vida. Mas o que leva alguém a preferir uma vida superficial? E quais são as consequências dessa escolha?

O refúgio na superficialidade

A vida moderna apresenta inúmeras demandas e pressões. Trabalho, relacionamentos, saúde mental, e expectativas sociais são apenas algumas das áreas onde as pessoas enfrentam desafios significativos. Para alguns, enfrentar essas questões de frente pode ser assustador e esmagador. A superficialidade, então, se torna um refúgio, um lugar onde a aparência e a diversão momentânea podem substituir a profundidade e o enfrentamento de problemas reais.

As redes sociais e a cultura da superficialidade

As redes sociais desempenham um papel crucial na promoção de uma vida superficial. Através de plataformas como Instagram, Facebook e TikTok, é fácil criar uma versão idealizada de si mesmo. Fotos de férias perfeitas, momentos felizes e realizações pessoais são compartilhados com frequência, enquanto fracassos, dúvidas e lutas são cuidadosamente escondidos. Essa curadoria de vidas perfeitas cria uma pressão social para que outros façam o mesmo, perpetuando a superficialidade.

Medo de enfrentar a realidade

O medo é um dos principais motivadores para a escolha de uma vida superficial. Questões sérias, como saúde mental, problemas financeiros, relacionamentos problemáticos, e questões existenciais, exigem introspecção, esforço e, muitas vezes, enfrentamento de dores profundas. Para muitos, é mais fácil evitar essa dor vivendo de maneira superficial. A busca incessante por prazer instantâneo, validação externa e distrações pode ser uma forma de anestesiar as dores da vida real.

Consequências de uma vida superficial

Embora a superficialidade possa proporcionar alívio temporário, suas consequências a longo prazo podem ser prejudiciais. Relacionamentos superficiais tendem a ser menos satisfatórios e mais frágeis. A falta de enfrentamento de problemas pode levar ao acúmulo de estresse e ansiedade. Além disso, uma vida baseada na aparência e na busca de validação externa pode resultar em uma sensação de vazio e falta de propósito.

Buscando a profundidade

 Reconhecer a superficialidade como uma fuga é o primeiro passo para uma vida mais autêntica e significativa. Enfrentar questões sérias requer coragem, mas também oferece recompensas profundas. A terapia, a meditação e a prática da vulnerabilidade nos relacionamentos são caminhos para explorar e resolver questões profundas. Encontrar um propósito maior, seja através de conexões genuínas, crescimento pessoal ou contribuição para a sociedade, pode transformar a vida de uma existência superficial para uma de profundidade e significado.

Optar por viver na superficialidade pode parecer uma solução fácil para evitar as dores e dificuldades da vida, mas, em última análise, pode resultar em uma existência insatisfatória e vazia. Enfrentar as questões sérias da vida, embora desafiador, é essencial para o crescimento pessoal e a verdadeira felicidade. A escolha entre superficialidade e profundidade está nas mãos de cada indivíduo, e a coragem de enfrentar a realidade pode abrir caminho para uma vida mais rica e significativa.

(*) Cristiane Lang é psicologa clínica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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