"Transmissão comunitária" de coronavírus é questão de tempo, admite ministro
País confirmou dois casos de contágio local, mas as pessoas haviam tido contado com quem foi à Itália
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS), afirmou hoje (6) que a transmissão comunitária ou sustentada do coronavírus, entre indivíduos sem histórico de viagem internacional recente nem tiveram contato com pessoas que estiveram no exterior, vai ser registrada caso o vírus se comporte da mesma forma que em outros países. Esse tipo de transmissão ainda não foi identificada no país.
O Brasil confirmou ontem dois casos de transmissão local do coronavírus. Mas as duas pessoas tiveram contato com o primeiro caso registrado no país, o "paciente 1", que esteve na Itália. “Não é transmissão comunitária ainda, mas sinaliza que o vírus tem uma competência de transmissão”, disse o ministro ao deixar o Palácio do Planalto nesta manhã.
O ministro esteve hoje em reunião com presidente Jair Bolsonaro, para atualizá-lo sobre a epidemia global do coronavírus e a situação em território nacional.
De acordo com o Ministério da Saúde, nove casos foram confirmados no Brasil até hoje: seis são em São Paulo; um no Rio de Janeiro; outro no Espírito Santo e um na Bahia. Existem ainda outros 636 casos em investigação. Em Mato Grosso do Sul, o último boletim informou 5 casos ainda em investigação e outros seis descartados.
Além disso, há um caso confirmado no Distrito Federal, mas o Ministério da Saúde ainda aguarda a contraprova para contabilizar mais este caso, já que a confirmação foi feita por um laboratório particular.
Contágio
Existem três formas de contaminação pelo novo coronavírus, segundo as autoridades: a daquelas pessoas que viajaram ao exterior, vindos de países com circulação do vírus; a de quem teve contato com quem viajou ao exterior, chamada de transmissão local, e aquela entre pessoas que não viajaram ao exterior e nem tiveram contato com viajantes, a chamada transmissão comunitária ou sustentada.
Segundo o ministro Mandetta, é preciso esperar e observar como o vírus vai se comportar em um país de clima tropical, antes do governo mobilizar outras medidas.
“A China enfrentou com bloqueio de Wuhan [cidade epicentro do surto], uma cidade de 12 milhões de habitantes, do tamanho de São Paulo. E no Brasil, se a gente começa [as transmissões do vírus] por São Paulo, é uma cidade muito vital para o Brasil, não existe delírio de qualquer bloqueio, mas é uma cidade que pode ter muitos casos. Temos que trabalhar com os casos que a gente tem, não sabemos como vai ser o comportamento do vírus em país tropical, como ninguém sabe”, explicou à Agência Brasil.
No mundo, já são mais de 95 mil casos confirmados do novo coronavírus em 85 países e territórios.