Alarme desativado denunciou suspeito de roubar avião para atender o PCC
A polícia analisou as imagens do hangar que mostram detalhes da suposta ação e, de Edmur, na companhia dos "sequestradores"
Alarme desativado denunciou o piloto Edmur Guimara Bernardes, 78 anos, preso na semana passada durante operação Ícaro - Rota Caipira, suspeito de forjar o roubo do avião no dia 18 do mês passado (18), em Paranaíba, distante 422 quilômetros de Campo Grande, para atender o PCC (Primeiro Comando da Capital). Na ocasião, o funcionário do Aeroporto Municipal, Idevan Silva Oliveira, 52 anos, também foi preso.
A delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), disse que enquanto as equipes faziam perícia no avião e a reprodução simulada sobre o caso, os investigadores descobriram que Edmur não ativou o alarme do hangar um dia antes do suposto sequestro. Era rotina esse tipo de procedimento.
A polícia analisou as imagens do local que mostram detalhes da ação e, de Edmur, na companhia dos supostos sequestradores. O piloto, segundo apurou a investigação, tinha o código do alarme, mas nos vídeos só aparece acionando os números quando sai com o avião e os sequestradores.
O empresário Samuel Garcia é dono de três aeronaves no hangar: uma Cessna 182, comercializado com o nome de Skylane, que Edmur sabe pilotar, um ARV10 e um J3. Essas duas últimas, o piloto não sabe voar.
A polícia constatou seis voos por rotas diferentes que se deram entre Paranaíba, Paraguai e Bolívia pela aeronave usada no suposto sequestro. “Antes do ocorrido, numa segunda-feira (17), Samuel havia avisado Edmur que ia usar o avião na quarta-feira, então já ia deixá-lo abastecido no hangar", explicou a delegada.
Foi no dia seguinte que tudo aconteceu na frente das câmeras. Quem saiu por último do hangar foi o piloto Edmur. "Pelas imagens dá para ver que ele não ativou o alarme. Ele só ativou quando saía com os homens [supostos sequestradores]."
Segundo a delegada, Edmur e os "sequestradores" chamam a atenção pela tranquilidade que agiram. “Não houve arma apontada para a cabeça de ninguém. Não houve subjugamento, medo. Não houve cenário de terror como foi colocado”.
Antes de ir embora, de acordo com a polícia, Edmur ainda aponta para as câmeras e um dos criminosos ajeita o disfarce. Outra situação que levanta suspeita foi o relato do piloto dizendo que a decolagem foi às 6h, mas a polícia descobriu que ocorreu às 7h45.
Investigação - A polícia esteve em duas fazendas citadas no suposto sequestro. “Ele [Edmur] saiu de Paranaíba e parou em Concepción, no Paraguai. Ele falou que pernoitou. Negou que voou à noite, mesmo a aeronave com sinal de que voou no período. Negou que tinha hangar, mas no Google Maps mostra que a fazenda tem um hangar enorme. O que a gente já tem concretizado no laudo pericial é que as versões apresentadas não se encaixam. As ligações nos telefones celulares dos suspeitos foram apagadas.”
Versão do vigia - Segundo Medina, há divergência de horário e de movimentação no depoimento do vigia Idevan. Grupo de supostos sequestradores teriam se passado por policiais civis quando pegaram Edmur em casa. Enquanto um grupo diferente teria amarrado o vigia no hangar. “Idevan disse que ficou em cárcere, mas não bate o número de pessoas que fizeram ele de refém. Ele fala que foi amarrado com fio de mouse, disse que foi trancado por fora no quarto e de repente conseguiu se soltar e lá dentro achou um molho de chaves no quartinho para abrir a porta”. O cômodo é o único lugar que não tem câmeras. A versão do vigia foi derrubada na reprodução simulada, realizada na semana passada no hangar.