Até 4 de outubro, Mato Grosso do Sul quer 80% de imunidade contra covid
Especialistas dizem que número deve ser referente a duas doses; secretário rebate
Até o dia 4 de outubro, o governo de Mato Grosso do Sul espera ter 80% da população já vacinada contra a covid-19. Até agora, 52,97% da população do Estado está completamente imunizada.
“É um número [80%] a ser atingido, um marco importante. Vamos buscar todos os adultos para se vacinar, porque não é possível atingir os 100%”, disse ao Campo Grande News o secretário de estado de Saúde, Geraldo Resende.
Levando em conta apenas aqueles que tomaram uma dose, 75,49% foram vacinados e 77,7 mil idosos e imunossuprimidos receberam a terceira dose. Em Campo Grande, 69,74% da população já tomou a primeira dose e 55,92% completaram o esquema vacinal.
Divergência - Especialistas avaliam que, ao contrário do que a SES propaga, o Estado está longe de atingir a imunidade coletiva. Para infectologistas, existe equívoco na maneira como o Governo mede o percentual de pessoas protegidas, contagem que não leva em conta a população geral do Estado, incluindo crianças, adolescentes e até quem se nega a tomar a vacina.
A infectologista Andyane Freitas Tetila explica que para atingir esse patamar de proteção, é preciso que pelo menos 70% da população tenha se vacinado, no entanto, a porcentagem refere-se a 100% dos moradores, incluindo crianças e adolescentes. “É preciso considerar a população global, não apenas grupos contemplados com a vacina”, pontua.
Para ela, a imunidade coletiva do Estado está comprometida, porque crianças e parte dos adolescentes ainda não tiveram acesso ao imunizante e parcela considerável da população se recusa a tomar a vacina.
Rivaldo Venâncio, infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), também é categórico ao dizer que, diante do cenário encontrado, Mato Grosso do Sul não tem imunidade coletiva. “Digo que o ideal seria ter 80% ou 85% da população protegida com anticorpos. Evidentemente que estamos bem melhores que meses atrás, mas o problema não está superado, por isso, é preciso continuar com as medidas de proteção”, relata.
Por sua vez, o secretário discorda. “Os especialistas não são unânimes quanto a isso. Para nós, 70% é um percentual importante”, disse Geraldo.