Campanha eleitoral, aulas ou balada lotada, quem provocou a nova alta da covid?
Os números começam a atingir os mesmos patamares de setembro
Enquanto as restrições estavam em vigor, mesmo que minimamente, a contaminação pelo novo coronavírus parecia controlada e até diminuiu. Com a flexibilização, retorno das aulas nas escolas privadas, retomada de eventos, bares e restaurantes atuando em período completo, além de campanha eleitoral a todo vapor, a covid-19 reencontrou ambiente e volta a ter alta em Campo Grande.
De ontem para hoje, foram novos 689 casos confirmados em Mato Grosso do Sul, 438 deles na Capital. De longe, o maior quantitativo do Estado, já que a segunda cidade com mais casos foi Corumbá, com 35. O número já se aproxima dos registrados nos momentos de maior contaminação, quando houve até 800 casos ao dia.
Para o infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswald Cruz), Júlio Croda, uma junção de fatores está aumentando os casos de covid-19 em MS e principalmente na Capital. Além disso, haver crescimento, novamente, no número de mortes, é questão de tempo.
“Foi a campanha, nenhum toque de recolher, reflexo do dia a dia nos bares e restaurantes funcionando em tempo integral”, sustenta, enfatizando que “o poder público não mantém nenhum recomendação mais restrita em decreto. Ou sejam o Poder Público está informando para a população que a pandemia acabou”, lamenta, citando também a volta às aulas como fator negativo.
Em sua análise, “nem terminou a primeira onda e já emendamos uma segunda onda”, avalia, enfatizando que se os números se mantiverem altos, a chamada segunda onda chegará, sem dúvida. “Não podemos afirmar que é uma segunda onda porque só será se alcançar os números da primeira, mas pode ser um sinal sim”.
Quanto aos óbitos, tais registros chegarem aos patamares mais graves é questão de tempo. “Vai aumentar, ainda não deu tempo”, avalia, enfatizando que “é só aguardar. Se continuar nesse aumento de casos, vai haver mais mortes”, sinaliza.
Além disso, Croda diz ainda que caso uma segunda onda se confirme, Campo Grande será o epicentro. “Temos risco real de uma segunda onda e a Capital tem registrado praticamente metade dos casos do Estado”, alerta.