ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 26º

Cidades

Caneta que assinou criação de MS está com ex-governador e não em Dourados

Marcelo Miranda recebeu a reportagem em casa para contar a verdadeira história da caneta usada por Geisel

Lucia Morel | 15/10/2022 09:10
Feita em ouro, caneta foi furtada junto com joias da família Miranda, no ano 2000 e recuperada pela polícia no Rio de Janeiro. (Foto: Paulo Francis)
Feita em ouro, caneta foi furtada junto com joias da família Miranda, no ano 2000 e recuperada pela polícia no Rio de Janeiro. (Foto: Paulo Francis)

A verdadeira caneta que assinou a criação de Mato Grosso do Sul ainda está nas mãos do ex-prefeito de Campo Grande em 11 de outubro de 1977, Marcelo Miranda. Aos 83 anos, ele recebeu o Campo Grande News em casa, depois de repercussão sobre outra caneta, uma Parker 51, que teria sido usada pelo então presidente Ernesto Geisel, na ocasião da assinatura.

Junto com o neto, o deputado estadual João Henrique Catan e a esposa, Maria Antonina, a “Mariita”, de 81 anos, Miranda falou um pouco sobre o sentimento de ter visto outro objeto ter sido elevado ao status histórico de ter assinado a criação de MS. “Não foi isso que aconteceu”, disse.

De poucas palavras, o ex-prefeito da Capital e também ex-governador de Mato Grosso do Sul deixou o neto recontar a história do objeto, que após ser furtado no ano 2000, junto com joias de Mariita que estavam em cofre no apartamento deles, voltou às mãos da família, cerca de seis meses após o furto.

Ex-governador, Marcelo Miranda e o neto, o deputado João Henrique com com a caneta que assinou a criação de MS nas mãos. (Foto: Paulo Francis)
Ex-governador, Marcelo Miranda e o neto, o deputado João Henrique com com a caneta que assinou a criação de MS nas mãos. (Foto: Paulo Francis)

“A caneta foi recuperada no Rio de Janeiro”, contou Catan, que completou dizendo que na época, a imprensa chegou a repercutir o caso, justamente porque foi possível identificar joias encontradas como sendo de sua avó porque a caneta, quebrada, estava junto.

Apesar do valor histórico do objeto, que continua quebrado, ele pertence ao ex-governador, que o comprou para dar de presente ao presidente Geisel. Este, entretanto, o devolveu, enfatizando que seria importante mantê-la como item histórico.

Questionado sobre o que pretende fazer com a caneta, Marcelo Miranda e o neto comentaram que há o impasse entre mantê-la no cofre da família ou recuperá-la e expô-la em algum museu ou outro local. Isso dependeria, entretanto, de outros atores que porventura tivessem interesse em colocar o item em exposição e ao acesso da população.

O deputado João Henrique disse ainda que conversou com o promotor João Linhares, de Dourados, que havia colocado a outra caneta, exposta no Ministério Público da cidade. Foi acordado que o objeto fosse retirado do local, o que foi confirmado pelo promotor.

Quebrada, caneta precisa ser restaurada para que possa ser, porventura, exposta. (Foto: Paulo Francis)
Quebrada, caneta precisa ser restaurada para que possa ser, porventura, exposta. (Foto: Paulo Francis)

“Sem desmerecer ou infirmar qualquer versão, acredito que é possível que o Presidente Geisel tenha usado a caneta do Sr. Antônio Ferreira dos Reis (Varanda) para autógrafos, num momento de maior informalidade (o que de fato ocorreu, pois chegou a esgotar a tinta dela) e a outra caneta levada pelo então prefeito da capital, Sr. Marcelo Miranda, utilizada para sancionar a lei complementar n.31. Vai saber? Como dito, eu sei dos fatos por testemunhas, mas não os presenciei. A mim, cabe agora aguardar os estudos”, disse Linhares.

O promotor defende que “historiadores se debrucem com maior profundidade sobre o tema e elucidem a dúvida suscitada” e até que as duas fossem expostas juntas, em algum momento, já que “ambas teriam participado da cerimônia de criação do Estado de MS”.

A família Miranda também não duvida que, porventura, a Parker 51 tenha estado nas mãos do então presidente Geisel, talvez para assinar outros papéis. No entanto, há certeza de que ela não foi usada para assinar a Lei Complementar 31, de 11 de outubro de 1977, que criou Mato Grosso do Sul.

Parker 51 que foi divulgada na semana do aniversário de MS como tendo sido usada na assinatura de criação do Estado. (Foto: Divulgação)
Parker 51 que foi divulgada na semana do aniversário de MS como tendo sido usada na assinatura de criação do Estado. (Foto: Divulgação)


Nos siga no Google Notícias