Chapadão e Porto Murtinho: as cidades nos extremos dos dados do Censo 2022
Capitaneada pelo agro, Chapadão foi a que mais aumentou a população; Murtinho teve maior redução
Nas informações do Censo 2022, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgadas nesta quarta-feira (28), os municípios de Chapadão do Sul e Porto Murtinho constaram nos dois extremos dos dados. Enquanto o primeiro comemora um expressivo crescimento populacional, o segundo enfrenta desafios e uma queda significativa no número de habitantes.
Chapadão do Sul, localizado a 321 km da Capital, destaca-se como o município de maior crescimento populacional nos últimos 12 anos em Mato Grosso do Sul. Segundo os dados do Censo 2022, a cidade registrou um aumento de 61,98%, com uma média anual de crescimento de 4,25%. Em 2010, a população contava com 19.648 habitantes, e em 2022 esse número saltou para 30.993.
A cidade fica na região de divisa com Goiás e sempre colecionou bons resultados em pesquisas diante do desenvolvimento econômico impulsionado pelo agro.
O prefeito de Chapadão do Sul, João Carlos Krug (PSDB), comemorou o resultado e expressou sua satisfação. "A gente fica contente com o número e de saber que a gente foi a cidade que mais cresceu no Estado".
Apesar do crescimento positivo, Krug ressalta que Chapadão do Sul também enfrenta desafios decorrentes dessa expansão populacional, relacionados à educação básica, moradia e saúde. “Então, quando você aumenta o número de pessoas na cidade, você também aumenta a despesa na saúde. O hospital daqui atende totalmente pelo SUS, ou seja, ele é mantido pela Prefeitura Municipal. Então, com isso surgem muitos gastos”, explica.
Nós temos um um bom IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ou seja, uma qualidade de vida. Queremos manter isso, porque o objetivo é crescer, mas crescer com qualidade de vida”, comenta o prefeito de Chapadão do Sul.
Diminuição populacional - Na outra ponta do levantamento, Porto Murtinho, localizado a 431 km de Campo Grande, enfrentou uma realidade diferente nos últimos anos. De acordo com o Censo 2022, a cidade registrou a maior queda populacional, com uma taxa de crescimento geométrico negativa de -15,81%. Em 2010, a população era de 15.372 habitantes e em 2022 esse número reduziu-se para -2.431 habitantes.
O prefeito, Nelson Cintra (PSDB), recebeu com estranheza os dados divulgados pelo IBGE e questionou a metodologia do recenseamento. "O IBGE mudou a forma de fazer a pesquisa. Tirou a aldeia Campina e uma parte para Bonito. Falta considerar a população indígena que vive aqui e tem que considerar que o indígena é nômade".
Cintra também mencionou o fato de algumas pessoas declararem residências em outros municípios, mesmo morando em Porto Murtinho, o que pode ter impactado negativamente o resultado do Censo. “As pessoas que falam que tem uma residência em outro município. Às vezes a pessoa mora aqui, mas fala que tem uma moradia em Campo Grande ou em outros municípios”.
Entretanto, ele demonstrou otimismo quanto ao futuro demográfico de sua cidade, especialmente devido à criação da Rota Bioceânica, que pretende abrir acesso a portos chilenos e caminho mais curto de exportação de produtos para a Ásia, passando por Murtinho, onde está em construção e uma ponte sobre o Rio Paraguai, que vai conectar a cidades a Carmelo Peralta, no Alto Paraguay, e seguir pela Rota. "Com o crescimento da Rota Bioceânica, esse cenário vai mudar. Muita gente vai morar aqui ainda".