Cidade onde menina morreu por escorpião tem 8ª maior incidência de ataques em MS

Em um ano, município de Paranaíba, distante 408 quilômetros de Campo Grande, registrou a oitava maior incidência de ataques de escorpião, dentre todas as cidades sul-mato-grossenses, conforme dados do Ministério da Saúde, levantados pelo Campo Grande News.

O território em questão teve na quinta-feira (28) a morte de uma menina, de três anos, horas após ser picada pelo animal peçonhento no quintal da casa onde morava. Segundo a pasta federal, este seria o primeiro óbito deste tipo, em Mato Grosso do Sul, neste 2022.

A criança brincava nos fundos da residência, quando entrou reclamando de dor no pé para os pais. Ela teve febre e foi medicada pelos familiares, que perceberam que o sintoma não passava. Ela foi encaminhada para a Santa Casa da cidade.

“Ela deu entrada às 19h. Tomou oito doses do soro antiescorpiônico, passou a noite aqui, depois precisou ser intubada, mas não resistiu e faleceu às 7h de sexta-feira (29)”, informou a assistente social do hospital, Sueli Messias, em reportagem publicada ontem pelo Campo Grande News.

Frequência - Conforme os dados da pasta federal, analisados pela reportagem, a incidência de notificações - os casos em comparação com o total de habitantes - é maior em Paranaíba, do que a média de Mato Grosso do Sul.

No Estado, ocorreram cerca de 88 ataques a cada 100 mil habitantes, em 2021, enquanto na cidade foram 299. No ano anterior, 2020, o índice no município foi de 853 ataques a cada 100 mil indivíduos.

Conforme o levantamento, Paranaíba só perdeu, no ano passado, para Brasilândia (1,2 mil casos por 100 mil habitantes), Rochedo (644), Inocência (607), Cassilândia (521), Anaurilândia (383), Bataguassu (342) e Nioaque (333).

Segundo o coordenador da Vigilância Sanitária da cidade, Gilson Piva, neste ano, já foram registrados mais da metade dos casos verificados em todo 2021 - são 180 até agora, enquanto o ano passado teve 307.

Entre as ações para impedir com que essas notificações ocorram, Piva ressalta iniciativas de educação sanitária para profissionais de saúde, além de fiscalização, por meio de multas que podem superar os R$ 900, de habitantes que não tiverem boas práticas de cuidado. “O município está realizando o trabalho de educação sanitária, educação em saúde, voltado para acidentes por animais peçonhentos.”

A pessoa poder ser multada, em caso de negligência e onde haja proliferação de animais peçonhentos, em valores de até 20 UFIRs [Unidades Fiscais de Referência], podendo ser dobrado em caso de reincidência.”

Segundo ele, os ataques por animais peçonhentos foram incluídos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) na categoria de “doenças negligenciadas”, o que motiva uma atenção especial a este agravo.

“Está vigente um decreto publicado pelo Executivo do município, onde prevê a aplicação de multa e realização de limpeza, desses terrenos negligenciados pelos proprietários. A prefeitura notifica e dá prazo de 15 dias, e quando o munícipe não realizar a limpeza do seu quintal, a prefeitura poderá realizar o serviço e embutir o valor nas taxas do imóvel.”

Segundo o Ministério, em todo Estado, foram sete mortes por ataques de escorpião, em 2021, maior número registrado em um ano desde o início da série histórica, em 2011. Desde então, são pelo menos 27 óbitos.

Cuidados - Conforme noticiado ontem, entre as medidas de segurança destacadas pela médica-veterinária do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Campo Grande, Ana Paula Nogueira, destaca-se vedar todos os ralos e pias, além de optar por ralos com sistema abre e fecha e sempre mantê-los bloqueados, abrindo somente na hora de utilizar.

Bater o calçado antes do uso, colocar luvas para mexer no quintal e calçar sapatos fechados para a limpeza, afastar a cama da parede, são dicas que também podem impedir o ataque.

Ao ser picado pelo animal, a primeira coisa a se fazer é lavar a região com água e sabão. Posteriormente, é necessário acionar a equipe de emergência para receber atendimento médico.

O alerta principal para esses acidentes aponta para as crianças, as principais possíveis vítimas letais do veneno do animal, tendo em vista que devido à massa corpórea, o veneno se espalha de forma mais rápida na corrente sanguínea.