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Cidades

Com grade fincada na coxa, Marlon vira estatística de acidente doméstico

Somente este ano, Santa Casa teve 258 internações de crianças, entre queimaduras ou afogamentos

Silvia Frias e Alana Portela | 01/06/2021 14:48
Grade perfurou perna direita de garoto de 9 anos, hoje, no São Conrado (Foto: Marcos Maluf)
Grade perfurou perna direita de garoto de 9 anos, hoje, no São Conrado (Foto: Marcos Maluf)

“Criança é terrível, tem que ficar de olho mesmo”, resume a aposentada Nifa de Assis, 66 anos. O que já era desafio em épocas “normais”, transformou-se tarefa hercúlea durante a pandemia, com a presença mais constante de crianças em casa durante a pandemia da covid-19.

De janeiro até 20 de  maio deste ano, a Santa Casa registrou 258 atendimentos de crianças caracterizados como acidentes domésticos, como queimaduras, ingestão de corpo estranho, intoxicação, mordidas de animais e afogamentos. A tendência, segundo hospital, é que os registros, quando totalmente contabilizados, ultrapassem os cinco primeiros meses do ano passado, em que foram 272 internações.

Marlon, 9 anos, entrou nesta estatística hoje. O menino foi levado à Santa Casa para retirar pedaço de ferro fincado na coxa direita. O acidente aconteceu no fim da manhã, quando ele tropeçou no tapete e caiu sobre a cestinha da geladeira que o garoto pegou na casa da avó e levou para a sala dele, no bairro São Conrado.

Na Santa Casa, a informação é que o garoto está na área verde do Pronto-Socorro, orientado e estável. Ele aguarda avaliação da ortopedia para definição da conduta, já realizou exames de imagens e laboratoriais.

Gaveta deixada na sala, a causa do acidente (Foto: Marcos Maluf)
Gaveta deixada na sala, a causa do acidente (Foto: Marcos Maluf)

Nifa conta que estava dando ajuda para a filha, que precisou sair para fazer exame. A avó diz que Marlon estava no quintal minutos antes do acidente. A mãe tinha acabado de voltar e conversava com Nifa do lado de fora da casa quando os gritos foram ouvidos dentro de casa.

 “A gente fica de olho, faz de tudo para isso não acontecer, mas foi uma fatalidade”, disse a aposentada. Na residência, moram dois adultos e três crianças, entre eles, o caçula acidentado, mas, hoje de manhã, outras duas crianças estavam com a avó, em visita. “Não existe muita fórmula, é cuidado,amor e paciência”, diz.

Vizinha de Nifa, a dona de casa Eva Pereira da Silva, 66 anos, mora com filhos e netos no bairro São Conrado. São 5 adultos e três crianças, a mais velha delas, de 4 anos. Em vários momentos, enquanto os filhos vão trabalhar, é a avó quem cuida dos pequenos. “Aqui o cuidado é 24h para ninguém se machucar; eu tenho que limpar a casa e fazer almoço, quando isso acontece, é um olho na panela e outro nas crianças”.

A assessoria da Santa Casa informou que é muito comum que o primeiro registro de internação no hospital seja feito por avós, tios e até vizinhos das crianças acidentadas. Isso decorre da situação que aumentou na pandemia, com a necessidade dos pais de contarem com ajuda de terceiros enquanto saem para o trabalho e, os pequenos, sem aula ou no sistema educacional on-line, permanecem em casa.

Também alerta para a ocorrência de vários acidentes domésticos, muitos deles evitáveis, e que acabam sobrecarregando o sistema de saúde do hospital, já comprometido com a alta demanda de acidentes de trânsito e de casos que passaram a ser atendidos na instituição a partir da pandemia, para desafogar unidades concentradas em pacientes com covid-19.

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