Consumo de Hidroxicloroquina e outros medicamentos para gripe dobra em MS
Outros medicamentos propalados como sendo de combate à covid-19 também tiveram aumento na procura
Enquanto a venda de Hidroxicloroquina esteve livre, até 21 de março deste ano, houve aumento de 107,4% na venda do medicamento em Mato Grosso do Sul. Propalado como a “cura” para a covid-19, o remédio causa diversos efeitos colaterais e o CRF (Conselho Regional de Farmácia) mantém alerta sobre seu uso.
Nos primeiros três meses deste ano, foram vendidas 7.390 unidades do produto em MS, enquanto que no mesmo período do ano passado, chegou a apenas 3.562.
O presidente do CRF de Mato Grosso do Sul, Flávio Shinzato, explica que diante do uso indiscriminado do remédio, foi preciso que o governo restringisse sua venda, para evitar maiores complicações.
Ele explica que como a Hidroxicloroquina é de uso exclusivo para malária ou lúpus, sua utilização para outros fins não têm estudos suficientes que garantam sua eficácia, bem como aumenta o risco de efeitos colaterais adversos.
“Para quem tem arritmia cardíaca, o uso pode causar infarto e no Brasil, temos um número grande de pessoas que tem essa patologia”, explica Shinzato, alertando que o uso sob validação médica é o único indicado.
E mesmo assim, “apesar do Conselho Federal de Medicina ter liberado a prescrição, médicos ficam receosos de usar, porque não há chancela da comunidade científica para seu uso em casos de covid-19”.
O presidente do CRF/MS destaca ainda que o aumento expressivo na venda, apesar da restrição aplicada pela Anvisa, se deve porque houve dois meses inteiros e pelo menos mais 20 dias de março, de venda livre do medicamento. “Certamente com a restrição, as vendas devem ter caído”, analisa.
Outros remédios – A pesquisa que revelou o aumento na venda da Hidroxicloroquina foi feita a pedido do Conselho Federal de Farmácia e mostrou que as vitaminas C e D também tiveram um salto em suas vendas.
No Estado, a busca por Vitamina D, o Colecalciferol, subiu de 44.673 entre janeiro e março do ano passado, para 59.140 no mesmo período deste ano. Aumento de 32,3%.
Já a vitamina C cresceu 138,6%, saindo de 75.366 vendas nos três primeiros meses de 2019, para 179.877 agora. “Água mata?”, questiona Shinzato. Ao que tudo indica não, mas o afogamento nada mais é que excesso de água nos pulmões e para ele, o abuso da automedicação tem a mesma gravidade.
“O que diferencia o remédio do veneno é a dose e o uso. Se você exagerar em algo, vai ter resultados negativos. Se tomar muita vitamina D, pode ter cálculo renal. Muito paracetamol pode dar hepatite. Por isso, o ideal é tomar quando necessário e indicado por especialista”, afirma.
A pesquisa foi feita porque amanhã é o Dia do Uso Racional de Medicamentos, e o CFF lançou campanha nacional sobre o tema, com slogan "Não entre em pânico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”.
Confira em tabela nesta matéria os dados nacionais e de Mato Grosso do Sul sobre o aumento no uso de alguns outros remédios.