Conversão à esquerda ainda confunde motoristas nos corredores de ônibus
Multa para quem não segue as regras de conversão é de 7 pontos na CNH e multa de R$293,47; veja como funciona
Após 21 dias da implementação do corredor de ônibus na Rua Rui Barbosa, a famosa conversão à esquerda ainda confunde motoristas. O trecho, que começa desde a Rua Raposo Tavares e se estende até a Avenida Mato Grosso, conta com cinco terminais instalados. Ao todo, 152 ônibus de 44 linhas circulam pelos 3,8 km de faixa exclusiva ao transporte coletivo.
Apesar das placas de sinalização que informam as regras para a conversão, ainda há quem não saiba como realizá-las. A placa disposta na parte de cima das vias sinaliza que só é permitido utilizar a faixa destinada aos veículos do transporte coletivo: pessoas que possuem comércio ou residência do lado da via, pessoas que precisam fazer a conversão à esquerda no trecho e veículos de emergência.
Conversões - A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) explicou que as conversões à direita podem ser realizadas normalmente. “Se posicionando na pista à direita e utilizando dos recursos de segurança para realizar tal conversão". Os veículos que trafegam na pista da direita e querem realizar a conversão à esquerda não podem fazer isso, uma vez que precisam estar obrigatoriamente na via à esquerda. Confira a forma correta.
“Quando se tratar de conversão à esquerda ou acesso aos imóveis que estão localizados ao lado da pista de rolamento, lado esquerdo da via, destinado ao corredor de transporte coletivo, os veículos devem se posicionar nesta pista de rolamento compartilhando a mesma com os ônibus e realizar de forma tranquila esta conversão, também se utilizando dos dispositivos de segurança existentes no veículo (setas) para realizar a conversão”, disse.
A Agetran ressaltou que além de os veículos poderem utilizar a pista de rolamento da esquerda apenas para acessar os imóveis e para realizar a conversão na quadra onde está permitido tal movimento, eles também não podem circular por mais de uma quadra pela mesma via.
Multas - Conforme a pasta, os condutores que forem flagrados realizando a conversão de maneira errada ou permanecendo na faixa de ônibus sem a intenção de realizar uma conversão podem receber multa de 7 pontos na CNH, no valor de R$293,47. O ato constitui, segundo o Código de Trânsito Brasileiro- CTB, no art. 184, III, uma infração de trânsito gravíssima.
Problemas - O cabeleireiro Aguinaldo Silvestre, 50 anos, trabalha no Studio N, localizado na Rua Rui Barbosa, e explicou à reportagem que a situação é complicada tanto para chegar quanto para sair do estacionamento do salão, que fica no lado direito da rua. “Tanto pra chegar quanto pra sair é muito complicado, por ser muito rebaixado perto da esquina. Eu faço a conversão à direita e de vez em quando à esquerda, é muito complicado nos horários de pico. Tem carro que para no embarque e desembarque e fica ainda mais complicado”, disse.
Para o profissional, as conversões acabam confundindo os motoristas. “Tem sido mais complicado a adaptação, porque é semáforo que não tinha, estreitamento da via, então tudo isso ainda está confuso. Outra coisa é que o pessoal desce em alta velocidade, muitas vão perceber quase em cima da via que tem esse estreitamento. Então acho que a sinalização deveria ser feita antes e a rua pintada”, disse.
Antônio Barbosa, de 30 anos, é taxista há quatro e ressaltou que os acidentes acontecem no local devido à conversão na faixa de ônibus. "Talvez falta informação. A pessoa estava na faixa da direita para conversão à esquerda quando bateu em quem vinha pela esquerda. Talvez falta um pouco de atenção dos motoristas nesse ponto também".
O motorista também evidenciou que a dificuldade pode estar sendo apenas um período de adaptação.
“A dificuldade particular pra gente é que sempre fazia a conversão para atender a 13 e a 14 nesta rua. Como ficou muito em cima da gente, tem que pular uma rua porque é muito perigoso a gente mudar de faixa, já aqui pra pegar o lado esquerdo. Particularmente, não estou tendo dificuldade em me adaptar. Talvez esse da Rui Barbosa seja pior que a brilhante por estar em um processo de adaptação ", finalizou.
Outros pontos - A dúvida sobre as regras de conversão é vivenciada por motoristas não apenas na Rua Rui Barbosa como em outro ponto da cidade, que também possui a faixa. É o caso da Rua Brilhante e Guia Lopes, primeiro corredor de Campo Grande, inaugurado no dia 18 de abril de 2022.
No corredor, próximo ao Supermercado Comper, Roberto Luiz Rodrigues, de 45 anos, presenciou diversos acidentes no local devido à confusão sobre o assunto. “É uma situação que a sociedade ainda não está se enquadrando, essas faixas causaram muitos acidentes aqui. Vi vários. A causa foi as conversões à esquerda onde não pode fazer e acaba batendo. Isso além de confundir, fez o movimento cair no posto”, disse.
Embora o corredor de ônibus presente na Avenida Bandeirantes não esteja ativo, para o gerente do posto Conquista, Ivo de Rocha, a situação também é crítica no local, devido à presença de carros estacionados em locais que dificultam a visibilidade do motoristas, que pretendem fazer a conversão à esquerda.
“Quando o motoqueiro vem, ele não pode transitar no corredor porque só é permitido quando o trânsito está parado. Então o motorista tem que virar na faixa do meio, o motoqueiro vem e não sabe se pode virar ou não, porque ainda não tá inaugurado. A prefeitura não toma uma atitude em relação a isso. Porque tanto os motoqueiros quanto outros motoristas estão certos. Quem sai prejudicado são os motoristas, quem está errado nesse caso, se a sinalização que está confusa?”, pontuou.
Ele comentou que o último acidente aconteceu porque o carro seguia pela faixa do meio, devido à faixa da esquerda estar cheia de veículo parados. "Então a moto veio pelo corredor, como sempre, e bateu. Todo dia tem um acidente desse tipo", finalizou.