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Cidades

Cunhado venezuelano recebia propina e repassava a ex-subsecretário, aponta MP

Thiago Mishima foi preso sob suspeita de integrar quadrilha que fraudava licitações da Saúde

Por Ângela Kempfer | 29/11/2023 19:01
Ex-subsecretário e gestor da SES em foto publicada no seu perfil,  no Facebook.
Ex-subsecretário e gestor da SES em foto publicada no seu perfil,  no Facebook.

Além de receber comissão em espécie, a cada pregão vencido por empresas que participavam de esquema de favorecimentos em licitações e desvio de dinheiro público da Saúde, o ex-servidor comissionado Thiago Mishima é suspeito de ganhar propina usando a empresa do cunhado.

Apesar de começar na antiga gestão estadual como subsecretário de Comunicação, as fraudes teriam ocorrido enquanto ele ocupava a função de gestor de contratos da Secretaria de Saúde, pelo menos até 2017.

Mensagens encontradas nos celulares dos irmãos Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior municiaram o GECOC/MS (Grupo Especial de Combate à Corrupção) para o início a mais uma investigação e consequente escândalo de corrupção envolvendo contratos com empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos hospitalares em Mato Grosso do Sul.

Os aparelhos foram apreendidos por ocasião da Operação “Parasita”, realizada em dezembro de 2022. Lucas é proprietário da empresa Comercial Isototal e Sérgio da Maiorca Soluções em Saúde.

Um dos documentos que o Campo Grande News teve acesso coloca sob suspeita contrato no valor de R$ 12.064.640, referente à prestação de serviço médico ao Hospital Regional, vencido pela Isomed Diagnósticos em maio de 2022, que tinha oficialmente como objeto a contratação de "equipe médica especializada para prestação de serviço de interpretação e emissão de laudos médicos, presencial e a distância, de exames de Radiografia Geral (Raio-x), Mamografia, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética e realização de exames com laudos de Ultrassonografia; bem como de Coordenação Técnica presencial à equipe profissional do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) e a distância em demais Unidades de Saúde que integram a Rede Digital de Imagens Estadual".

Nesse caso específico, a investigação encontrou depósito feito pelos irmãos Coutinho na conta de D.R. Comunicação Ltda, de propriedade do venezuelano Freddy Antônio Martinez Ochoa, marido da irmã de Mishima. Ao rastrear os valores, Thiago foi apontado como favorecido.

Com o poder nas mãos de gerir contratos, o Ministério Público ressalta que a atuação do ex-assessor da SES (Secretaria Estadual de Saúde) não se restringiu a esse pregão, porque ele manteve contato com o empresário Sérgio Coutinho depois.

Segundo apurado, para continuar lucrando com as licitações marcadas, o então gestor chegou a usar outra servidora (que não foi alvo de prisão), para orientar o empresário sobre como regularizar situação de contrato de 2017 e assim viabilizar “novo procedimento licitatório”.

Ao ser efetivado o contrato seguinte entre a empresa Isomed Diagnósticos e o Estado, outra negociação foi interceptada entre Mishima, para pagamento de propina, garante o Ministério Público.

Atualmente, Thiago Mishima é assessor parlamentar do deputado federal Geraldo Resende, que não quis comentar a prisão. A defesa dele informou que só vai se pronunciar depois de ter acesso aos autos.

O ex-assessor pode responder por crimes de integrar organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passiva, além de fraude à licitação. As investigações até o momento mostram rombo de R$ 68 milhões aos cofres públicos, tanto do Governo do Estado como de prefeituras.

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