Em "guerra" após prisão de governador, imagens de Santa Cruz chocam
Alerta para quem pensa em viajar para Bolívia nas férias: a cena é de bloqueios e protestos violentos
Há seis dias, a cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, eternizada na música “Trem do Pantanal” de Geraldo Roca e Paulo Simões, vive clima de guerra depois que o governador do Departamento de Santa Cruz, que tem a localidade como capital, Luís Fernando Camacho, foi preso. Imagens recebidas pelo Campo Grande News são chocantes.
Populares começaram a protestar contra a prisão, que ocorreu no dia 28, e então, tropas militares começaram as ações de combate. De um lado, os manifestantes afirmam que estão sendo atacados, que as ações policiais são exageradas e ferem os direitos humanos.
Do outro, o governo boliviano e a polícia afirmam que os protestos não são pacíficos e já houve a prisão de 19 pessoas, além de haver sido contabilizada a destruição de 23 prédios públicos, entre eles, o do Ministério Público em Santa Cruz.
Camacho foi detido após investigações que o identificaram como um dos supostos articuladores de golpe que obrigou a renúncia do ex-presidente boliviano, Evo Morales, em 2019. Na época, Camacho nem mesmo era político, mas no ano seguinte foi candidato à presidência e ficou em terceiro lugar. Posteriormente, foi eleito governador do departamento mais rico do país.
Do partido de direita, Creemos (Acreditamos, em tradução literal), o governador preso é uma das principais oposições do atual presidente, Luis Arce, que é do mesmo partido de esquerda de Morales, o MAS (Movimiento al Socialismo), e ex-ministro da Economia.
A revolta popular em Santa Cruz surgiu em defesa de Camacho, e os manifestantes alegam que há abusos policiais e que a localidade já vive estado de exceção. Jurista boliviano, Romer Villarroel postou vídeo em suas redes sociais em que afirma que o governo boliviano usa a situação como pretexto para aplicar o estado de exceção e tomar o poder sobre o departamento.
Aos manifestantes, orienta que sejam adotadas medidas diferentes da de confronto, e que para recuperar o Estado de Direito, é preciso buscar a justiça comum pedindo o cumprimento da Constituição para “fazer valer os direitos dos que estão ilegal e indevidamente detidos”.
As redes sociais se enchem de vídeos e imagens que mostram os conflitos e os supostos abusos que, conforme a imprensa do país vizinho, já estão sendo investigados. “Na semana passada, nas redes sociais, se difundiram vídeos em que, supostamente, uniformizados excederam o tratamento junto aos manifestantes que se recusam a obedecer as ordens”, cita trecho de reportagem do jornal La Razón.
O mesmo material cita que, ainda assim, evidenciou-se a destruição de instituições públicas como os prédios da Receita Federal, do Ministério Público, da Autoridade de Fiscalização e Controle Social de Campos e Terras, do Banco União, entre outros.
“Temos lamentavelmente situações de conflito, que originaram danos a instituições públicas e privadas, pessoas que ficaram feridas e sofreram lesões”, disse o subcomandante da polícia do Departamento de Santa Cruz, Edson Claure.