Exército decide acabar com mensagem de aniversário do golpe militar de 1964
Leitura da Ordem do Dia, sobre o 31 de março, tinha voltado ao calendário militar desde 2019
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, já decidiu que neste ano não haverá a leitura da Ordem do Dia alusiva ao dia 31 de março, aniversário do golpe militar no Brasil. A decisão de não divulgar uma mensagem pela data, segundo fontes da caserna ouvidas pelo site Uol, se deve a uma interpretação do comandante de que "o normal era não existir”.
Escolhido para substituir o general Júlio César Arruda, demitido pelo presidente Lula depois de 20 dias no cargo, o novo comandante tem dito aos seus subordinados que o momento é de "retomada da confiança" e busca de pacificação. A decisão, portanto, seria um aceno ao governo do petista.
Histórico - Após o fim da ditadura (1964-1985), a mensagem continuou a ser lida em quartéis e divulgada à sociedade. Em 1995, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Ordem do Dia deixou de ser lida.
Nos primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010), nos arquivos do Exército, de acordo com o Centro de Comunicação Social, só foram localizadas Ordens do Dia publicadas em 2004, 2005 e 2006.
Nos outros anos, não houve essa divulgação. Também não houve a leitura da mensagem no período da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que tinha uma relação conturbada com os militares, já que como militante na época da ditadura, ela sofreu com torturas.
Mesmo sob o ex-presidente Michel Temer (MDB), que tinha uma boa relação com a caserna, não há registros de leitura da Ordem do Dia. A mensagem de aniversário do golpe, porém, havia sido retomada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já no seu primeiro ano de governo, em 2019.
Em Mato Grosso do Sul, em 2019, a Ordem do Dia foi lida no CMO (Comando Militar do Oeste). Naquele período, a mensagem enfocava o “protagonismo das Forças Armadas nesse momento histórico do país”, referindo-se aquele dia como “Revolução Democrática de 31 de março de 1964”.
A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com CMO (Comando Militar do Oeste) para saber se irá se pronunciar sobre o tema. O espaço segue disponível.