Homem que matou ex-mulher e filho usava perfil fake para perseguir vítima
Mãe e filho foram sepultados ontem (13) no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra
“Ela morria de medo dele. Ele usava perfil fake para persegui-la”, disse Jackes Nicolich, irmão de Michelli, de 37 anos, que foi morta, pelo ex-marido Ezequiel Lemos Ramos, de 39 anos, ao lado do bebê de 2 anos. O outro filho do casal, de 5 anos, presenciou o crime.
O caso aconteceu na tarde de segunda-feira (12), em frente a uma escola infantil, no Parque São Rafael, em São Paulo. O crime foi gravado por câmeras de segurança. Ezequiel foi preso em flagrante. Mãe e filho foram sepultados ontem (13) no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na região metropolitana.
Em entrevista ao Campo Grande News, por telefone, Jackes contou que a irmã vivia escondida com os filhos de 2 e 5 anos numa casa em São Paulo. “Ela estava há pouco tempo aqui com as crianças, havia voltado para cá, depois de ser agredida e ameaçada de morte pelo Ezequiel em Ponta Porã, onde eles moravam com os dois filhos”.
Segundo Jackes no dia dos pais, Michelli deu um jeito das crianças irem passar o dia com Ezequiel, mas não se encontrou com ele. “Ela pediu para outra pessoa levar as crianças. Minha irmã tinha muito medo dele, tanto é que não pedia nem pensão para as crianças, ela dizia que tinha visto a morte de perto”, contou.
Agressivo, o homem já tinha histórico de violência contra a ex-mulher. Ele chegou a ser preso em Ponta Porã no último mês de maio, após acertá-la com um soco e apontar uma arma para a cabeça da vítima durante uma discussão. Ezequiel era CAC (colecionador de armas, atirador desportivo e caçador) e tinha várias armas em casa.
Jackes contou que no começo do relacionamento Michelli vivia bem com o marido, eles tinham ido viver em Ponta Porã para recomeçar a vida. Ezequiel cursava medicina no Paraguai. Ele parecia ser uma pessoa intelectual, mas era muito bipolar. “Ele falava baixo, calmo, mas do nada começava a ficar nervoso, se alterava de repente. Não é uma pessoa normal”, disse. Assista, abaixo, ao vídeo que mostra o momento em que Ezequiel dispara e mata a ex e o filho.
Enquanto Ezequiel fazia faculdade, era Michelli quem sustentava a casa e pagava o curso de Medicina. “Ela era cartomante, tinha canal em rede social com vários seguidores”, contou. Ao ser preso após matar a mulher e o filho, Ezequiel alegou que havia ido a São Paulo “acertar as contas” com a vítima após um golpe de R$ 70 mil.
Jackes afirmou que nunca houve golpe. “Quando a minha irmã se mudou para cá com as crianças, ela veio sem nada. Só sacou R$ 50 mil de uma conta que eles tinham em conjunto para poder pagar os primeiros meses de aluguel aqui e comprar aquele carrinho que aparece no vídeo [Fiat Uno que a vítima dirigia no dia em que foi morta]”, disse. Segundo ele, Ezequiel tinha carros, motos e casa em Ponta Porã.
No dia do crime, Michelli sabia que o ex a procurava e já tinha avisado a família para tomar cuidado. “Ela pediu pra nossa mãe se cuidar, porque ela estava se cuidando também. Agora, a minha mãe só chora ”, lamentou o irmão. Segundo ele, a família de Ezequiel não entrou em contato com eles ainda, nem foi ao velório. “A gente não conhece a família dele. A única coisa que a gente sabe é que ele tem uma mãe na Bahia”.
Duplo homicídio - Ezequiel estava em um Fiat Mobi cinza, estacionado do outro lado da rua. A mulher buscou os dois filhos na escola e entrou no veículo. Nesse momento, o homem começou a atirar, de acordo com o relato de uma testemunha. Michelli tentou fugir com o carro, mas acabou perdendo controle do veículo e batendo contra um poste.
Ezequiel Lemos Ramos se rendeu e, desarmado, foi detido em flagrante. No 49º Distrito Policial (DP) de São Mateus, o homem foi indiciado por duplo homicídio doloso qualificado por feminicídio, emboscada e tentativa de homicídio.