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Cidades

Lixo pode gerar energia a 130 mil casas e R$ 1 bi em arrecadação, aponta estudo

Usina também geraria 1,5 mil postos de trabalho

Liana Feitosa | 17/08/2022 16:32
Depósito de resíduos sólidos em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis / Arquivo)
Depósito de resíduos sólidos em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis / Arquivo)

O lixo urbano de Campo Grande e de cidades do entorno da Capital pode gerar 280 mil MWh/ano (megawatts por ano) de energia limpa e renovável para a Capital, suficiente para suprir o consumo de cerca de 130 mil de residências e gerar arrecadação de R$ 1 bilhão em tributos. Os números são de levantamento realizado pela Abren (Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos), uma entidade sem fins lucrativos que busca soluções para destinação adequada de resíduos sólidos.

No recente estudo, a associação verificou que uma URE (usina de recuperação energética) com 35 MW de potência instalada teria a capacidade de atender até 9% da população da região a partir de investimentos de R$ 1 bilhão. O retorno desse investimento em saneamento básico viria em proteção do meio ambiente, geração de energia, além da promoção de 1,5 mil postos de trabalho diretos e indiretos, e arrecadação de R$ 1 bilhão em tributos durante um período médio de 30 anos de concessão.

O Brasil ainda não tem nenhuma URE em funcionamento. A primeira unidade está em construção no interior de São Paulo e a infraestrutura demora de 4 a 5 anos para ser construída.

A tecnologia usada nos filtros dessas usinas faz com que os agentes tóxicos da fumaça sejam neutralizados. Por isso, a construção desses empreendimentos em locais próximos ao centro urbano da cidade facilita a destinação adequada do lixo para a transformação em energia.

Para falar sobre o assunto, o presidente da entidade, Yuri Schmitke, se reuniu na semana passada com o titular da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck. O estudo foi apresentado para o secretário levando em consideração o aterro sanitário de Campo Grande, operado por concessão pública recém renovada.

Estudo - Com aproximadamente de 1,5 milhão de habitantes, a região geográfica intermediária de Campo Grande, que abrange, além da Capital, os municípios de Bandeirantes, Camapuã, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Jaraguari, Nova Alvorada do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio Negro, Rochedo, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia e Terenos, produz diariamente mais de 1,1 mil toneladas de lixo, ou seja, cerca de 410 mil toneladas por ano.

“Esse tipo de empreendimento, que oferece diversos benefícios ambientais, também é considerado mundialmente a solução mais adequada para resolver o problema dos resíduos sólidos urbanos", afirma Schmitke.

Ao longo do período de vida útil da usina, a cidade poderia evitar a emissão de até 20 milhões de toneladas de CO2, além de recuperar 320 mil toneladas de metais. De acordo com a entidade, quase metade do montante das cinzas de metais podem ser reaproveitadas pela construção civil e pavimentação, entre outros empreendimentos.

Como viabilizar - Uma URE pode se tornar realidade por meio de consórcio entre Campo Grande e os municípios vizinhos, como prevê o novo Marco Legal do Saneamento, a Lei nº 14.026/2020. "Além disso, o tratamento adequado do lixo evitaria gastos da ordem de R$ 2 bilhões para a saúde pública e meio ambiente relacionados a doenças causadas pela exposição dos cidadãos a condições insalubres de lixões, além de mitigar os gastos com danos ambientais provenientes do armazenamento inadequado de resíduos", pontua Schmitke.

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