Motorista que matou 2 em acidente na Guaicurus é indiciado por homicídio doloso
Investigação avaliou que Vinícius de Oliveira Gonçalves assumiu risco de causar acidente ao dirigir a 100 km/h
Vinícius de Oliveira Gonçalves, 20 anos, foi indiciado por homicídio doloso (artigo 121) e lesão corporal dolosa (artigo 129) pelo acidente na avenida Guaicurus que culminou na morte de Jair Fernandes Pereira, 49 anos, e Mauro Jorge Pereira Nantes, 54 anos. Para a Polícia Civil, ele assumiu o risco de provocar colisão ao dirigir a 100 km/ em uma via movimentada.
A investigação avaliou que a alegada ameaça que ele diz ter sofrido não o exime da responsabilidade de ter provocado o acidente.
O relatório foi assinado no dia 12 de fevereiro pelo delegado Gustavo de Oliveira Bueno Vieira, na 5ª DP (Delegacia de Polícia) e deve ser complementado por algumas perícias solicitadas. Porém, isso não inviabiliza que a denúncia à Justiça seja oferecida pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
O caso está com o promotor Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos, da 20ª promotoria de Campo Grande.
O acidente aconteceu às 12h14 do dia 4 de fevereiro deste ano, no cruzamento das avenidas Guaicurus e Marginal Bálsamo, em Campo Grande. Vinícius conduzia Gol na Guaicurus, no sentido bairro-centro e estava acompanhado de Ingrid Casanova Portilha, 22 anos. Ele disse que acelerou ao ser perseguido pelo ex da jovem, Guilherme Henrique dos Santos, 24 anos, que estava de moto.
Depois de acelerar, passou em alta velocidade por quebra-molas e atingiu o Renault Sénic que estava na outra via. Os dois ocupantes deste carro, Jair Fernandes e Mauro Jorge morreram na hora.
Em depoimento, Vinícius disse que acelerou depois que Guilherme bateu no vidro o carro e fez “menção de estar armado”. Os dois tinham desavença por conta do recente relacionamento de Vinícius com Ingrid. A polícia anexou ao inquérito o print de algumas conversas entre os dois, por meio do WhatsApp a jovem que comprovam a desavença.
Guilherme relatou que viu os dois saindo de carro, foi atrás e chegou a interpelar Vinícius, mas ele acelerou não conseguiu alcança-lo. Depois do acidente, foi até o local para socorrer Ingrid e leva-la até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário.
Ingrid disse que Vinícius iria dar carona até Funtrab (Fundaçãodo Trabalho) para “ver serviço” e que o rapaz acelerou depois que Guilherme se aproximou. Ela disse não ter olhado para o lado e, por isso, não viu qualquer menção de arma. Também relatou que o condutor estava muito nervoso, tremia e acelerou por medo do outro rapaz.
No relatório encaminhado ao MPMS, o delegado cita a avaliação do plantonista no dia do acidente, que desde o início tratou o caso como homicídio doloso.
“(...) em que pese a existência de perseguição, tal fato (...) não isenta a responsabilidade do conduzido”. No relatório, o plantonista cita o relatório da perícia. “Ademais, entendo que o excesso de velocidade na proporção que se demonstrou pela monta dos danos nos veículos causados pela colisão nos possibilita, ainda, inferir que o conduzido agiu assumindo o risco de sua ocorrência. Inegável imaginar que trafegar um veículo a aproximadamente 100 km em uma avenida de grande fluxo de veículos em horário matutino, (...) não traria risco da ocorrência do acidente de trânsito fatal”.
A lesão corporal no indiciamento se trata dos ferimentos causados em Ingrid, citada como vítima.
Vinícius de Oliveira Gonçalves foi detido em flagrante após ter alta hospitalar e teve a prisão convertida para preventiva, sem prazo para ser encerrada.