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Cidades

MS teve 2º menor crescimento do Centro-Oeste, região que mais aumentou população

Ainda assim, Estado teve 7º maior crescimento brasileiro, de 12,6%

Guilherme Correia | 29/06/2023 15:11
Município que mais aumentou população no MS, Chapadão do Sul teve 50º maior crescimento do País. (Foto: Prefeitura de Chapadão do Sul)
Município que mais aumentou população no MS, Chapadão do Sul teve 50º maior crescimento do País. (Foto: Prefeitura de Chapadão do Sul)

Censo 2022, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na quarta-feira (28), revelou que o Centro-Oeste foi a região que registrou maior aumento populacional do Brasil. Dentre as quatro unidades federativas da região, Mato Grosso do Sul teve o segundo menor crescimento.

O estado que mais cresceu no País foi Roraima (41,3%), seguido por Santa Catarina (21,8%). Na sequência, vem Mato Grosso (20,6%), encabeçando a lista dos estados da região Centro-Oeste. Goiás (17,6%) aparece logo em seguida.

Antes de Mato Grosso do Sul, Acre (13,2%) e Amazonas (13,1%) tiveram desempenhos melhores. O Distrito Federal (9,5%) ficou em 10º no ranking de unidades federativas, sobretudo porque Brasília - que detém maior parte da população de lá -, teve crescimento de 9,6%, o quarto maior dentre as 20 cidades mais populosas do País.

A região segue como a menos populosa do País, com 16,3 milhões de habitantes, mas teve aumento populacional superior ao Norte.

Avançou 1,23% enquanto a população brasileira cresceu 0,52% nos últimos 12 anos. A região com a menor taxa de crescimento foi o Nordeste, com 0,24%.

Município com maior aumento de pessoas em todo Mato Grosso do Sul, Chapadão do Sul teve o 54º maior crescimento populacional do País. São Gabriel do Oeste foi o 190º município brasileiro. Já Porto Murtinho, que registrou maior decréscimo populacional em Mato Grosso do Sul, foi o 184º município com maior redução em todo território brasileiro.

A efeito de comparação, o município com maior aumento em território nacional foi Canaã dos Carajás (PA), que passou de 26,7 mil pessoas para 77 mil. Ao lado dele, outros seis mais que dobraram suas populações.

São eles Abadia de Goiás (GO), que passou de 6,8 mil para 19,1 mil habitantes, Extremoz (RN), de 24,5 mil para 61,5 mil, Goianira (GO), de 34 mil para 71,9 mil, Itapoá (SC), de 14,7 mil para 30,7 mil, Querência (MT), de 13 mil para 26 mil, e Barra Velha (SC), de 22,3 mil para 45,3 mil.

Solo fértil 

Em entrevista ao site BBC News Brasil, o professor de economia, administração e sociologia na Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP), Carlos Eduardo de Freitas Vian, afirmou que o Centro-Oeste atrai muitas pessoas porque se tornou um polo de oportunidades, com a criação de muitas fábricas, por exemplo, além do setor de serviços.

Segundo a mais recente pesquisa PNAD Contínua trimestral do IBGE, a taxa de desocupação no Centro-Oeste está em 7%, inferior à média nacional de 8,8%. É a segunda menor taxa do País, à frente apenas da região Sul, com 5%.

Na pesquisa, Mato Grosso do Sul apresenta a taxa de 4,8% de desemprego, sendo superado apenas por Rondônia (3,2%), Santa Catarina (3,8%) e Mato Grosso (4,5%). Já as maiores taxas ficaram com Bahia (14,4%) e Pernambuco (14,1%).

Apesar do alto crescimento, vale ressaltar que o estado de São Paulo ainda corresponde a cerca de um terço do PIB brasileiro, com 44,4 milhões de habitantes - cerca de um quinto da população do País.

Exportações

Uma das hipóteses para o crescimento é a inserção internacional do Brasil no mercado de grãos, a partir dos anos 2000.

Segundo levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), toda a região Centro-Oeste é responsável por cerca de 50% de todos os grãos produzidos no País. Para a soja, especificamente, o número também fica na casa dos 50%, tendo a China como principal cliente.

Na última safra, Mato Grosso do Sul atingiu 15 milhões de toneladas de grãos, com produtividade média de 62,44 sacas por hectare, em uma área de 4 milhões de hectares.

Desmatamento

A tentativa cada vez maior de tentar expandir essas produções e ampliar os recordes de produção do agronegócio também acende um alerta em relação ao crescimento do desmatamento no Cerrado.

Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre janeiro e maio deste ano, foram desmatados mais de 3.320 km² do bioma, um aumento de 27% em relação ao mesmo período do ano passado.

Para efeito de comparação, esse território desmatado nos primeiros cinco meses de 2023 equivale a quase duas vezes a área total da cidade de São Paulo. Em 2022, a ecorregião já havia registrado a maior taxa de desmatamento em sete anos: foram 10.689 km², segundo os dados oficiais divulgados pelo Prodes Cerrado, programa de monitoramento do Inpe.

Ao todo, 110 milhões de hectares do bioma (49% do total) já foram destruídos. Na maior parte desses locais, foi implantado o cultivo extensivo de commodities agrícolas, principalmente soja, milho, cana-de-açúcar e algodão.

Conforme o órgão, o acumulado de alertas de desmatamento no Cerrado de Mato Grosso do Sul, neste ano, está em 83,64 km² (quilômetros quadrados), segundo dados divulgados pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real).

Essa foi a maior marca para os quatro primeiros meses do ano em toda a série histórica, iniciada em 2019 para o bioma. O recorde ocorre tanto no Estado quanto no Brasil inteiro.

O Cerrado é o segundo maior bioma do País em extensão, superado apenas pela Amazônia. Em Mato Grosso do Sul, o bioma ocupa a primeira posição em território - seguido pelo Pantanal e Mata Atlântica.

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