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Cidades

Na fila contra covid, lembranças de dores vividas antes da esperada 1ª dose

Sequelas ainda existente, o luto presente e a esperança são histórias de todos na fila do Guanandizão

Silvia Frias | 20/06/2021 11:13
Atendimento no Guanandizão, esta manhã, em que serão aplicadas 1,3 mil doses (Foto: Marcos Maluf)
Atendimento no Guanandizão, esta manhã, em que serão aplicadas 1,3 mil doses (Foto: Marcos Maluf)

Quando Célia Maria da Silva, 49 anos, entrou no Guanandizão esta manhã, sentiu arrepio de emoção. Em dezembro, foi infectada pela covid-19 e até agora lida com as sequelas da doença, com perda de olfato e dificuldade motora. Sentada na arquibancada, já vive misto de alegria e esperança, à espera da 1ª dose.

A foto esperada, ritual que se repete a cada aplicação (Foto: Marcos Maluf)
A foto esperada, ritual que se repete a cada aplicação (Foto: Marcos Maluf)

Célia era uma das centenas de pessoas que aguardavam o atendimento no Guanandizão, em busca da 1ª dose da Pfizer liberada para os acima de 46 anos, além da 2ª dose para quem tomou Coronavac até 2 de junho. Apesar do local estar cheio, o atendimento era rápido. Em contagem parcial, 500 das 1,3 mil doses disponíveis já tinham sido aplicadas.

“Tem que acreditar na ciência”, disse, emocionada. Ela conta que não conseguiu se imunizar na data destinada aos de 49 anos, e hoje enfrentou a temperatura mais fria para a vacinação.

 À reportagem, lembrou os momentos de agonia com a doença. Disse que não precisou se internar por conta da doença, mas, nem por isso, o corpo foi poupado do baque com a covid. Além das sequelas aparentes, ainda tem manchas no pulmão que precisam ser monitoradas em acompanhamento médico. “Tive medo de morrer”.

Mãe de três filhos asmáticos e cuidando de idosa, diz que   mantém os cuidados diários. “Me revolta ver pessoas irresponsáveis, festas clandestinas, aglomeração, é pavoroso ver que chegamos aos mais de 500 mil mortos”.

Célia ainda lida com sequelas da covid: "Tive medo de morrer" (Foto: Marcos Maluf)
Célia ainda lida com sequelas da covid: "Tive medo de morrer" (Foto: Marcos Maluf)

Na fila pela vacina, a auxiliar administrativa Valkiria Miranda, 46 anos, lembrou da cunhada, que morreu há um mês, vítima da covid. “Só quem passou por isso sabe como é essa dor”, disse. Aproveitou para pedir conscientização das pessoas, da importância de se manter os cuidados. “Vírus virou sinônimo de morte”. A lembrança da morte só é amenizada pela esperança. “Tomar a 1ª dose me deixa mais aliviada, feliz mesmo vou ficar quando tomar a 2ª dose”.

O pedreiro Mário Sérgio Delgado, 52 anos, também lembrou com tristeza as mortes de dois tios e três amigos para a covid-19, ocorrida em período de três meses. Somente hoje consegui ir ao posto de vacinação, pois trabalha com obras pelo interior do Estado. A expectativa era grande. No meu caso, é 1ª dose e já é maio caminho andando.”Não vejo a hora de toda minha família tomar e ficarmos livres”.

Público alvo desta etapa, à espera da vacinação, no Guanandizão (Foto: Marcos Maluf)
Público alvo desta etapa, à espera da vacinação, no Guanandizão (Foto: Marcos Maluf)


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