Na pandemia, emissão de RG só está disponível “a cada 15 dias”
Quem precisa do documento se irrita ao ter que monitorar site até encontrar um dia para agendamento

A redatora Ana Paula de Faria Ramos, 39, que vive em Campo Grande, tem perdido a paciência ao precisar emitir pela segunda vez o documento de RG (Registro Geral), a famosa “identidade”. Ela precisa do documento atualizado para procedimento no trabalho, mas não consegue agendar a emissão no site da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).
Entre os pontos oferecidos pela secretaria para agendamento à distância, única opção na pandemia, apenas um constava com data disponível nesta quinta-feira (30) em Campo Grande, conforme verificou a reportagem ao tentar o procedimento.
O funcionamento “de pandemia”, ainda assim, incomoda quem não tem escolha enquanto o serviço cumpre decreto estadual para reduzir aglomeração nos postos de atendimento, mas o universo das burocracias continua com as mesmas exigências de sempre.
Ana Paula comentou ter ligado na secretaria e ter ouvido que é necessário monitorar o site, porque novas datas ficam disponíveis “a cada 15 dias”. “A senhora tem que ficar cuidando”, teria ouvido ela, conforme relatou à reportagem.
“Isso significa então que não se está fazendo agendamento para tirar segunda via. Como as pessoas vão poder ficar sem fazer agendamento? Sempre foi falado em falta de material para o RG, mas isso causa muito preocupação porque a identidade é algo que a pessoa tem que carregar”, conta ela.
“Já está causando transtorno, eu preciso fazer averbação do meu nome no trabalho. E quem vai tirar passaporte?”, questiona.
Diretor do Instituto de Identificação de Mato Grosso do Sul, Marcio Paroba comentou que tem tentado, junto à equipe de tecnologia da informação, uma alteração no formato digital, para que as pessoas que tentarem data e não conseguirem, sejam informadas pela secretaria quando ocorrer disponibilidade.
Ainda assim, o diretor explicou que além de cumprir decreto e portaria para reduzir ao máximo a aglomeração, a falta de consciência das pessoas também prejudica. “A cada quinze dias a gente abre, por causa do período de pandemia, mas o correto é procurar só em casos emergenciais”, conta.
A média de atendimentos, segundo explica, diminuiu no início da pandemia, de 15 mil atendimentos ao mês em Mato Grosso do Sul, para 2 mil. No último mês, ainda assim, triplicou e já chega às 6 mil emissões de registros gerais.
“Em três dias que a gente abre já preenche, infelizmente quando a pessoa que precisa vai fazer perdeu a vaga para quem não precisava emergencial”, disse o diretor.
Por meio da assessoria de imprensa, a Sejusp disse que “devido a pandemia do Covid-19, o serviço segue com restrição”.
“O agendamento exclusivo no site da Sejusp abre a cada duas semanas para novos pedidos do RG. Objetivo é evitar que haja aglomerações nos Postos de Identificação, obedecendo portaria publicada no Diário Oficial do Estado. A recomendação é para que as pessoas acompanhem pelo site, a disponibilidade de vagas abertas no período”, declara.