"Não temos leitos suficientes na Capital", diz secretária sobre superlotação

Após ofício divulgado pela Santa Casa de Campo Grande dizendo que não tem capacidade de receber mais pacientes, a Secretaria Municipal de Saúde alegou que os hospitais estão todos lotados e sem leitos disponíveis e que, em situações de urgência, ainda vão enviar pacientes para a instituição. Para a Sesau, o motivo é o aumento dos casos de pacientes politraumatizados e o surto de doenças respiratórias.

Em conversa com a reportagem do Campo Grande News, a secretária Rosana Leite explicou que, desde a última quarta-feira (19), as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) estão recebendo uma maior quantidade de procura por pessoas com sintomas respiratórios.

Rosana explica que, somente no último domingo (23), dia em que, em situação "normal", as UPAs receberiam 1,5 mil pacientes, a unidade atenderam mais de 4 mil pessoas. Para a secretária, o fim do Carnaval pode ter causado o fluxo maior de pacientes com doenças no trato respiratório.

Na manhã desta segunda-feira, Rosana informou que cerca de 195 pacientes precisavam de leitos, sendo 30 do interior e o restante da Capital. "Não temos leitos suficientes em Campo Grande, todos os hospitais estão lotados. Vamos tentar segurar o envio de pacientes para Santa Casa, mas alguns casos muito graves, ainda vão para lá", explicou a secretária.

Em relação a todos os hospitais estarem lotados, a secretária explicou que se refere a Santa Casa, ao Hospital Adventista do Pênfigo e ao HU (Hospital Universitário). Em nota, a Sesau ainda alega que não possui qualquer débito com a Santa Casa de Campo Grande.

Sobre o atendimento de traumas, a secretaria enfatiza que a sobrecarga no pronto-socorro é causada por a Santa Casa ser referência em trauma para todos os 79 municípios do Estado, e não apenas para a Capital. Para eles, esse cenário evidencia a necessidade urgente de expandir a oferta de atendimentos especializados em cidades estratégicas do interior, aliviando a pressão sobre os serviços de saúde de Campo Grande.

A secretaria reforça ainda sobre a importância de a população procurar o atendimento adequado conforme a gravidade do caso. A instrução é que pacientes com casos mais graves (classificação amarela), que necessitam de atendimento urgente, devem se dirigir a uma unidade de saúde 24h, como os Centros de Regulação de Serviços (CRS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA).

Já os casos leves, como sintomas gripais leves e pequenas queixas de saúde, podem ser atendidos nas Unidades de Saúde da Família (USFs), por demanda espontânea.

Santa Casa pede socorro - A Santa Casa de Campo Grande divulgou um ofício na manhã desta segunda-feira (24) pedindo para não receber mais pacientes. O motivo divulgado pela diretoria do hospital é a situação "caótica" de superlotação, principalmente no pronto-socorro, que, de acordo com a nota, tem capacidade para 13 pacientes, mas está comportando 80.

Junto com o ofício, a instituição divulgou imagens gravadas hoje pela manhã, mostrando o espaço completamente lotado, com pacientes em macas pelos corredores e até no saguão. "A situação aqui na Santa Casa de Campo Grande é, como a gente pode dizer, caótica, por falta de outro termo que possamos utilizar. Estamos passando por um quadro de desabastecimento e de dificuldades financeiras, e continua a pressão pela chegada de pacientes. Infelizmente, o hospital Santa Casa de Campo Grande pede socorro", relata o diretor, em meio aos pacientes distribuídos pelo hospital.