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Cidades

PM diz que abordagens seguem técnica e que ensina direitos humanos

PM detalha procedimentos de praxe durante ação nas ruas

Clayton Neves | 22/12/2020 14:58
PM diz que abordagens seguem técnica e que ensina direitos humanos
Policial militar durante ação na rodoviária, localizada no Centro (Foto: arquivo/campo Grande News)

A queixa de cantor de 27 anos sobre abordagem feita por policiais militares - que para ele excedeu limites e teve relação com o chamado "racismo estrutural" - foi um dos assuntos mais comentados entre as notícias do Campo Grande News de ontem para hoje.  Diante disso, a pergunta foi feita diretamente à Corporação: ao ser parado por uma guarnição qual é o limite de direitos e obrigações de quem aborda e de quem é abordado?

Comandante do CFAP (Centro de Ensino, Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar), tenente-coronel Marcelo do Amaral explica, em síntese, que o desenrolar de cada abordagem é conduzido conforme a situação encontrada. Ele afirma que a Corporação tem se preocupado em evitar episódios que possam denotar prática de racismo, acomo acredita ter sido vítima o cantor citado.

Segundo o oficial, para evitar episódios de racismo ou discriminação, além do curso de direitos humanos, todos os policiais passam por treinamento específico para atuação e tratamento digno às minorias.

“Hoje sabemos que existe um apelo contra a discriminação e racismo. Com nossos alunos isso é tratado com ênfase ainda maior”, afirma o tenente-coronel.

O cantor, que registrou queixa na Corregedoria da Polícia Militar, reclamou bastante de ter tido "arma apontada" para a cabeça. O oficial da escola formadora de PMs diz que o uso da arma é o último recurso de intervenção, e tem técnica específica conforme o que é ensinado.

"O armamento é sacado do corpo ou fica no pronto-baixo, a não ser que se demonstre alguma atitude que possa colocar em risco a guarnição e até quem está sendo abordado", afirmou.

Na definição do chefe do centro de formação, a arma do policial durante esse tipo de ação fica em "posição de segurança", com dedo fora do gatilho, assevera. Há uma preocupação, diz, em se precaver ainda de um perigo externo. "A gente não tem como adivinhar", resume.

Segundo ele, geralmente a paradas de pessoas acontecem após chamado de moradores ou quando policiais notam comportamentos suspeitos. “Pode ser nervosismo ao ver a viatura ou tentativa de esconder algo, por exemplo”.

Após ser abordado, o tenente-coronel explica que o cidadão tem, por lei, obrigação de atender as ordens dos policiais, que começam usualmente com pedido para que as mãos sejam colocadas sobre a cabeça.

Isso traz segurança para quem aborda e para o abordado. É difícil compreender o procedimento quando se tem certeza de não ser bandido, mas o policial não tem essa certeza até que ele cheque”, explica. "A gente não tem como adivinhar", resume.

Em seguida, detalha, passa-se para a segunda etapa: a identificação do cidadão.

Várias perguntas são feitas para tentar buscar alguma informação contraditória. Isso acontece porque muitos suspeitos são persuasivos e tentam enrolar a equipe”, explica a coronel Neide Centurião.

De acordo com a oficial, a reação durante a abordagem é o que influencia na condução do trabalho desempenhado pelos militares.“Muita gente é parada em um local perigoso, onde há tráfico de drogas, mas se recusa a obedecer às orientações. Conforme a reação da pessoa, a energia da abordagem vai crescendo”, observa.

Considerado pela militar o “carro-chefe” do serviço da PM, as abordagens refletem em resultados. “É a partir daí que a gente retira armas das ruas, apreende drogas e levanta informações fundamentais”, finaliza.

PM diz que abordagens seguem técnica e que ensina direitos humanos
Alunos com arma na mão durante curso de formação de policiais militares. (Divulgação)

O caso- Nesta segunda-feira (21), o cantor de 27 anos registrou queixa na Corregedoria da Polícia Militar alegando que foi abordado de forma truculenta por quatro policiais na última sexta-feira (18) no Centro de Campo Grande. Para ele, houve racismo por parte dos agentes.

Sobre o episódio, a Corregedoria da PM informou que abriu procedimento administrativo para investigar o caso. Aliás, canal aberto à sociedade registra, apura e pune todos os casos de eventuais excessos nas abordagens policiais.

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