ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 28º

Cidades

Presídio de Amambai poderá ser o 1º exclusivo para indígenas no Brasil

Se proposta avançar, presos não indígenas deverão ser transferidos de lá para outras unidades prisionais de MS

Por Cassia Modena | 26/02/2024 09:28
Fachada do Presídio Estadual de Amambai, onde 26 internos indígenas atualmente dividem espaço com não indígenas (Foto: Divulgação/Agepen)
Fachada do Presídio Estadual de Amambai, onde 26 internos indígenas atualmente dividem espaço com não indígenas (Foto: Divulgação/Agepen)

O Presídio Estadual de Amambai é cotado para ser uma unidade exclusiva para aprisionar indígenas que cometeram crimes ou aguardam julgamento, em Mato Grosso do Sul. Um grupo de trabalho, criado oficialmente nesta segunda-feira (26) pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), vai estudar a possibilidade, falar dos recursos necessários e peculiaridades desse sistema prisional.

Segundo o secretário estadual de Justiça, Antonio Carlos Videira, a unidade poderá se tornar a primeira do Brasil a atender somente internos indígenas. "Já é um presídio, então teríamos que transferir os presos não indígenas de lá para outros presídios. Vamos primeiro entender se é viável", disse.

O presídio de Amambai é considerado o mais adequado inicialmente, também de acordo com Videira, pela localização próxima às aldeias que concentram maior população indígena, como as de Dourados e Caarapó, além das situadas no próprio município.

Secretário da Sejusp, Antonio Videira, diz que direitos indígenas serão garantidos na unidade prisional (Foto: Arquivo/Alex Machado)
Secretário da Sejusp, Antonio Videira, diz que direitos indígenas serão garantidos na unidade prisional (Foto: Arquivo/Alex Machado)

A intenção de criar o primeiro presídio indígena no Estado e no país, prevê fechar uma lacuna cultural. Ausência de intérpretes de idiomas, espaço não garantido às expressões religiosas e apagamento da identidade étnica dessas pessoas são alguns dos problemas que vêm sendo debatidos pela Defensoria Pública da União e entidades como o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), por exemplo.

Videira afirma que o grupo de trabalho vai discutir justamente esses gargalos, para garantir "uma ressocialização voltada especificamente para o indígena". A comissão será formada por integrantes da Sejusp, Ministério Público de Mato Grosso do Sul, Defensoria Pública da União, Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul; Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Um relatório deverá ser entregue em até 60 dias, quer o secretário.

Como é atualmente - Conforme dados da Agepen, somente em Mato Grosso do Sul existem hoje 420 indígenas custodiados, entre homens e mulheres, nas penitenciárias estaduais. Apenas no presídio de Amambai, são 26, entre outros 139 não indígenas.

Secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena (à dir.), em reunião na Sejusp (Foto: Divulgação/Sejusp)
Secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena (à dir.), em reunião na Sejusp (Foto: Divulgação/Sejusp)

O secretário explica como o sistema penitenciário estadual atende atualmente esses 420 presos. "Eles estão em presídios comuns, recebem tratamento igual a qualquer um, mas têm dificuldades com a língua, no trabalho, e na assistência religiosa, por exemplo", diz.

A assessoria de imprensa da Agepen acrescenta que "indígenas já ficam em alas separadas nas unidades prisionais onde concentram o maior número".

Em agosto do ano passado, o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, se reuniu com Videira e outros representantes do governo estadual para discutir a criação de um presídio estadual para atender os indígenas.

Matéria editada às 11h para acrescentar informações enviadas pela Agepen.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias