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Cidades

Relatório acusa grande frigorífico de MS de descaso com trabalhadores

Estudo, que também incluiu Rondônia, entrevistou 22 pessoas de duas plantas da Marfrig em Bataguassu

Por Lucas Mamédio | 01/08/2024 16:02
Trabalhadoes trabalhando em frigorífico em Rondônia (Foto: Divulgação)
Trabalhadoes trabalhando em frigorífico em Rondônia (Foto: Divulgação)

Um relatório produzido em 2023 pela organização não governamental, Repórter Brasil, apontou falhas em diversos aspectos da relação de trabalho em frigoríficos de Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Ao todo foram entrevistados 63 trabalhadores e ex-trabalhadores, bem como especialistas do setor, além da realização de pesquisas. Deste total,  23 são mulheres e 40 homens, dos quais 30 eram ex-empregados e 30 ainda trabalhavam nos frigoríficos.

Em Mato Grosso do Sul foram realizadas 22 entrevistas em duas plantas da Marfrigf, em Bataguassu, a 313 quilômetros de Campo Grande. As unidades são a de abate e a fábrica de hambúrgueres, considerada a mais moderna da empresa.

A maioria das entrevistas, 17 para ser mais preciso, foi realizada no abatedouro regular da Marfrig na cidade, um dos primeiros adquiridos pela empresa. Um ano depois, a Minerva anunciou que havia assumido o controle da unidade.

Entre os principais resultados das entrevistas nas plantas de Bataguassu, estão que 95% relataram problemas de saúde relacionados ao trabalho, 36% haviam sofrido acidentes de trabalho, 59% haviam sido expostos a vazamentos de amônia, 36% não faziam as pausas exigidas por lei, 73% faziam horas extras, 32% disseram não receber EPI adequado, 95% relataram desconforto térmico periódico.

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As entrevistas também serviram para entender quais condições proporcionadas pela empresa os levavam a situações como as descritas anteriormente.  Segundo os empregados da Marfrig, o ritmo acelerado de trabalho, cortes em dedos e mãos, dor nas costas, temperaturas extremamente baixas, ansiedade e depressão faziam parte do dia a dia dos empregados.“O trabalho é muito corrido; tinha dias em que eu tirava meu uniforme e tudo estava dolorido e queimado”, disse um trabalhador.

Outra trabalhadora contou que precisava continuar trabalhando, mesmo chorando de dor, e às vezes realizava tarefas que não estavam na descrição de seu cargo. Em licença médica havia quatro meses por ansiedade e depressão, ela disse que desmaiou dentro da fábrica e, ao voltar mais tarde para pegar seus pertences, foi obrigada a trabalhar: “É muita pressão e vai passando muito rápido. Eu estava chorando de dor, mas, mesmo assim, eles me colocaram para trabalhar.”

Trabalhadoes trabalhando em frigorífico de Mato Groso do Sul (Foto: Divulgação)
Trabalhadoes trabalhando em frigorífico de Mato Groso do Sul (Foto: Divulgação)

Dentro do próprio relatório a Marfrig se defendeu. “As afirmações sobre pressão psicológica, ritmo acelerado e acidentes de trabalho não refletem a realidade. As atividades dos empregados são realizadas dentro dos padrões legais de segurança, ergonomia e saúde, sem ritmo acelerado de trabalho, metas estabelecidas ou impostas, ou jornadas de trabalho extenuantes.”

Em último levantamento, de 2021, a área de pastagens do Brasil havia atingido 163,1 milhões de hectares. Cinco estados respondem por mais de metade do rebanho bovino do país: Mato Grosso (com 14,5%), seguido por Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará.

Trabalhador mostra mão machucada após sofrer acidente de trabalho em frigorífico (Foto: Divulgação)
Trabalhador mostra mão machucada após sofrer acidente de trabalho em frigorífico (Foto: Divulgação)

Propostas – De acordo com a Repórter Brasil, os atores envolvidos na indústria frigorífica brasileira que foram entrevistados concordam que o diálogo, a prevenção e a fiscalização são fundamentais para resolver os problemas que afetam o setor.

“Eles destacam três propostas para enfrentar áreas problemáticas: pausas para recuperação, exercícios no local de trabalho e redução da jornada de trabalho e das horas extras. A seguir, consideramos essas e outras medidas potencialmente importantes, antes de apresentar recomendações específicas para empresas e para as autoridades brasileiras”.

Acesse o relatório completo neste link.

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