Sobre diálogos vazados, defesa de Bumlai diz que só se manifesta na Justiça
Advogado diz que tomou conhecimento do conteúdo divulgado pela Revista Veja, mas que não ia se pronunciar
A defesa de José Carlos Bumlai só vai se manifestar, se for o caso, sobre os diálogos vazados que indicam que o ex-juiz federal Sergio Moro “escolheu a data” para prender o pecuarista de Mato Grosso do Sul, na ação judicial.
Conrado de Almeida Prado, do escritório Malheiros Filho, Meggiolaro e Prado Advogados, disse ao Campo Grande News que a defesa já tomou conhecimento do conteúdo divulgado pela Revista Veja nesta sexta-feira (5), mas que não ia se pronunciar a respeito. “Todos os questionamentos, a defesa deixa para fazer nos autos do processo”.
As conversas mantidas pelo então magistrado com a equipe da força-tarefa da Lava Jato começaram a ser divulgadas pelo site The Intercept no dia 9 de junho, mas nenhuma investigação ou atitude oficial tiveram efeito prático em processos da Lava Jato. Há juristas que entendem que o conteúdo da troca de mensagens podem resultar em anulação de decisões e condenações que foram consequência da operação.
Condenação - Bumlai, que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi acusado de ser “laranja” do PT. O pecuarista foi sentenciado pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção porque, conforme a acusação, em 2004, teria intermediado um empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schain em nome do Partido dos Trabalhadores.
O caso foi julgado na primeira instância por Sergio Moro em 15 de setembro de 2016. Bumlai recorreu em liberdade até que em 16 de maio deste ano, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) determinou que ele começasse a cumprir a pena de 9 anos e 10 meses.
A prisão é domiciliar. Aos 74 anos, Bumlai vive em apartamento em São Paulo (SP), onde trata um câncer na bexiga. O produtor rural também é cardiopata.
Prisão e conversas vazadas – Bumlai foi preso pela Lava Jato em 24 de novembro de 2015.
Dois trechos de diálogos entre Sergio Moro e procuradores divulgados hoje revelam que o ex-juiz federal conduziu ao menos duas situações relacionadas à prisão do pecuarista, José Carlos Bumlai.
A intenção, segundo publicado em reportagem da Veja, era evitar que crimes pelos quais o produtor rural de Mato Grosso do Sul foi condenado depois prescrevessem.