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Cidades

Tereré entra oficialmente na cesta básica brasileira e preços podem até mudar

Comerciantes acreditam que costume sul-mato-grossense vá se espalhar e "oferta e procura" vai baratear produto

Por Anahi Zurutuza e Kamila Alcântara | 08/03/2024 15:54
Erva para tereré é vendida a granel no Mercadão (Foto: Alex Machado)
Erva para tereré é vendida a granel no Mercadão (Foto: Alex Machado)

Indispensável no dia a dia de muito sul-mato-grossense, a erva mate para tereré agora é item da “nova cesta básica”. O que muda na prática? Os preços podem cair, embora a portaria federal que define a relação de alimentos considerados essenciais para a dieta do brasileiro não faça alterações tributárias. A lei da oferta e da procura também pode impactar, segundo vendedores da erva, pode fazer a demanda aumentar e os produtos ficar mais barato, se não faltar, é claro.

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o barateio dos itens da cesta básica não necessariamente acontecem de um mês para o outro, por exemplo. “Pode ser que nem tenha impacto imediato. O ponto que acho interessante é reconhecerem que esse alimento/bebida faz parte da cultura de uma região”, afirma Andréia Ferreira, supervisora técnica da entidade em Mato Grosso do Sul.

Julio Cesar Negrete, que herdou a banca para vender erva de tereré no Mercadão Municipal de Campo Grande do avô, explica que para fazer o preço da erva cair é preciso valorizar o comércio local. Quando todo o produto produzido em Mato Grosso do Sul é exportado, comerciantes precisam buscar fornecedores em outros estados, o que encarece a erva para o maior consumidor, que é o sul-mato-grossense.

Julio Cesar Negrete, que herdeu banca de eva-mate do avô (Foto: Alex Machado)
Julio Cesar Negrete, que herdeu banca de eva-mate do avô (Foto: Alex Machado)

Para ele, contudo, a inclusão item na cesta básica é uma vitória. O comércio do tereré é fonte de renda para a família dele há três décadas. “Penso que é positivo, pois é o reconhecimento da uma cultura, que não é só do nosso Estado, está espalhado por todo país. Cada vez é mais frequência pessoas de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até Rio de Janeiro estão consumindo o tereré. Tenho clientes que pedem erva lá no Nordeste. Então, é interessante para popularização do tereré, o nosso patrimônio”.

O comerciante acredita que a tendência é o preço cair para os clientes ao passo que o tereré for mais consumidor. “O comércio local já tá estabelecido, mas a gente precisa reconhecer que existe a expansão do mercado o que torna isso positivo para nós”.

Pedro Ferreira da Silva, 45, que há 20 anos vende tereré no Mercadão também ficou feliz com a notícia. “Há muito tempo já devia ter sido incluído. É igual o café, o açúcar. Todo mundo gosta de tomar”.

A portaria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a fome, embora não faça isenções tributárias, por exemplo, serve como orientação para iniciativas governamentais no âmbito da produção, abastecimento e consumo de alimentos.

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