Na terra do ipê e da manga, orquídea vira a flor símbolo de Campo Grande
Um pedido antigo de cultivadores e amantes das orquídeas, uma espécie da planta se tornou nesta sexta-feira (15) a flor símbolo de Campo Grande. Sancionada pelo prefeito Gilmar Olarte (PP) depois de tramitar por anos na Câmara Municipal, a lei causou surpresa e polêmica para moradores da cidade, tudo porque muitos consideram o ipê e até o pé de manga plantas mais representativas da cidade.
Na edição do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) de hoje, a Lei 5.364 revela que o gênero Cattleya da espécie Nobilior, batizada como Campo Grande, é a partir de agora a flor símbolo da cidade. O mês de agosto foi escolhido como o de comemoração para a flor, já que é nesta época que as floradas são mais intensas.
Segundo o projeto de autoria do vereador João Rocha (PSDB), proposto em 2010, mas arquivado após ser aprovado pela Câmara, e novamente proposto esse ano pelos parlamentares Luiza Ribeiro (PPS), Eduardo Romero (PT do B) e Vanderlei Cabeludo (PMDB), a transformação da flor como símbolo da cidade vai promover a produção das flores, desenvolver a economia, o turismo e a preservação da espécie.
Há seis anos como presidente da Associação Campo-Grandense de Orquidofilia e Ambientalismo, Wenceslau Carlos de Oliveira, comemora a decisão da prefeitura e diz que a ação irá preservar ainda mais a flor que agora passa a se chamar Cattleya nobilior “Campo Grande”.
“É uma luta muito antiga nossa, essa espécie existe em outros Estados do país e até é colecionada por gente de outros países, mas Campo Grande é a cidade com maior concentração da flor. Com isso, acreditamos que ela será mais preservada e as pessoas irão valorizá-la ainda mais”, completa.
Registros da associação dão conta da descoberta do primeiro exemplar da espécie há 20 anos em um jardim de casa do centro da cidade. Também há registros da flor em Mato Grosso, Goiás e Tocantins. A decisão de transformar a orquídea a flor símbolo da cidade ocorre no mesmo dia da abertura da 9ª Exposição Nacional de Orquídeas, no Armazém Cultural da Capital.
Polêmica? - Quem vive há anos na Capital considerada a terra dos ipês e também bastante lembrada pelas imensas mangueiras, foi pego de surpresa com a notícia. A auxilar administrativa, Rosália Pereira Martins, 44 anos, não concorda com a decisão da prefeitura. “O ipê tem muito mais a cara de Campo Grande, a orquídea é linda, maravilhosa, mas o ipê parece muito mais com a cidade”.
Outro que não concorda com a novidade é o paranaense Silmar Jair, 35 anos. Ele cultiva orquídeas, mas acredita que outras plantas como a mangueira são bem mais representativas. “Eu cheguei aqui e vi um pé de manga imensa, a orquídea não tem tantas por aqui”, justifica.
Mas também há aqueles que se encantam pela flor e assinam embaixo na decisão da administração municipal. É o caso da paisagista Ana Cristina Lopes, 38 anos. “Eu tenho um orquidário e amo orquídeas”, diz.
A técnica de enfermagem Rosana Antunes, 55 anos, também aprova a ideia e ainda lembra do amor dos japoneses pela flor. “Concordo e assino embaixo”.
Autor do projeto, o vereador João Rocha afirma que o projeto de lei que agora foi sancionado pelo prefeito vai estimular os orquidófilos da cidade. “Vai preservar a flor e vamos manter uma flor que é tradição na nossa cidade”, diz ressaltante que o ipê continua sendo a árvore símbolo da cidade.