Área da fazenda ocupada em Juti tem longo histórico conflito e violência
O impasse envolvendo a Fazenda Brasília do Sul,reocupada nesta sexta-feira (15) tem um longo histórico de conflitos entre fazendeiros e índios Guarani Kaiowá que acusam os produtores de agir de forma truculenta..
A propriedade foi ocupada inicialmente em 1997 e quatro anos depois, em outubro de 2001, os indígenas foram expulsos e passaram a viver sob lonas ao lado de uma rodovia. No início de 2003, a comunidade resolveu retomar a propriedade que consideram como seu território tradicional. Nesta retomada é que foi morto o cacique Marcos Veron, conforme os indígenas,depois de ser espancado por seguranças contratados pelos fazendeiros.
Além do assassinato de Marcos Veron, pelo menos outras quatro lideranças da comunidade teriam sido mortas nos últimos anos. Há denúncias também de estupros contra as mulheres indígenas,supostamente cometidos por homens contratados por fazendeiros da região.
Versão dos fazendeiros - No depoimento que prestou em dezembro passado à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa sobre as ações do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) nas comunidades indígenas do Estado, o administrador da fazenda, Ramão Aparecido Evangelista, invocou relatos de pessoas idosas , que moram na região há muitos anos , para sustentar, que os 9.972 hectares da fazenda Brasília do Sul nunca foram terra indígenas.
Segundo Ramão Cristaldo,não havia aldeias no local quando a fazenda foi comprada, em 1928. Ele diz que há um grupo formado por 10 ou 12 índios que “toma a frente dos confrontos e que nos faz ameaças”. Entre os integrantes desse grupo, ele citou nomes como Araldo Veron, Ernesto Veron e Francisco.
Ramão sustenta que 54 famílias sustentam a ocupação, totalizando cerca de 200 indígenas. Quando o proprietário da fazenda entrou com o pedido de reintegração de posse, a Justiça determinou que os índios esperassem o trâmite do processo em 97,8 hectares, mas hoje eles estariam em 1.400 hectares.
Ainda segundo Ramão Cristaldo, há divisão clara de grupos entre os indígenas que moram na fazenda invadida. Os que apóiam as ações do Cimi são assistidos e viajam com os membros da instituição a Brasília, de avião, para eventos de interesse. Enquanto isso, outro grupo, formado por indígenas mais humildes, vai de ônibus, passando fome e sede durante as viagens.
Ele conta que esse grupo mais humilde é manipulado pelo Cimi, pois coloca suas vidas em risco durante os confrontos, “mas na hora do vamos ver” precisam pedir favores aos trabalhadores da fazenda.
“Eles passam muitas necessidades. Tenho muita pena dos índios. A gente tem que ajudar comprando carcaça de frango, pucheiro, pois as crianças são desnutridas. Na hora de ir para o enfrentamento, o Cimi está lá, mandando invadir, mas na hora do vamos ver eles ficam desamparados”, detalhou.
Segundo o administrador rural, há um grupo formado por 10 ou 12 índios que “toma a frente dos confrontos e que nos faz ameaças”. Entre os integrantes desse grupo, ele citou nomes como Araldo Veron, Ernesto Veron e Francisco.
No local da invasão, vivem 54 famílias, que totalizam cerca de 200 indígenas. Segundo Ramão Cristaldo, não havia aldeias no local quando a fazenda foi comprada, em 1928.