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Cidades

Além de dor e febre, dengue castiga pacientes com cansaço nas pernas

Ricardo Campos Jr. e Edivaldo Bitencourt | 05/03/2015 16:22
Dengue estragou as férias de Gabriela (Foto: Alcides Neto)
Dengue estragou as férias de Gabriela (Foto: Alcides Neto)

Os remédios cortam a dor e a febre, mas o cansaço nas pernas e diminuição no paladar, que às vezes duram vários dias, também incomodam alguns pacientes que pegam dengue. A doença, que já matou duas pessoas em Mato Grosso do Sul em 2015, já virou epidemia em 12 cidades no interior do estado.

Rivaldo Venâncio, médico infectologista da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), explica que a sensação de fadiga e a falta de sensibilidade para o sabor dos alimentos são comuns. “Existe um grupo de pessoas que tem uma recuperação do estado geral mais demorado e lento. Qualquer um dos quatro tipos de vírus que provocam a doença podem causar esses sinais. Eles estão associados ao tipo de resposta imunológica do organismo à infecção”, explica.

Quem já teve dengue descreve com propriedade essas sensações. “É uma doença que deixa você debilitado, faz você ficar uma semana em casa. Sensação de impotência e, as vezes, não consegue nem ficar em pé. É horrível”, conta a estudante Gabriela Fraga, 24 anos, que teve a “sorte” de ser picada por um Aedes aegypti contaminado durante as férias na capital sul-mato-grossense e conversou com a equipe de reportagem enquanto aguardava atendimento no CRS (Centro Regional de Saúde) do bairro Tiradentes.

“Estragou o fim do meu recesso da faculdade. Deu para conhecer só o Parque das Nações Indígenas”, conta a universitária, que voltará em breve para Sinop (MT), onde estuda, assim que estiver sentindo melhor.

A professora Elizabeth Bitencourt, 30 anos, teve a doença há um mês e até alguns dias atrás ainda sentia fadiga. “Durante as atividades que eu faço, me sinto cansada. No decorrer do dia, se eu fico muito em pé, voltam a doer as juntas, sinto muita dor no peito e nas costas”, relata.

Ela diz ter sido alertada pelo médico que teria essa sensação ruim mesmo após o desaparecimento dos sintomas tradicionais. “Não foi a primeira vez que eu peguei a doença e também não quero pegar mais”, diz.

Quem também reclamou da fadiga por conta da dengue foi o padre Wagner Divino de Souza, da paróquia Cristo Luz dos Povos. Durante a missa no último domingo (1º), pediu licença aos fieis para fazer a homilia sentado porque teve a doença e estava sentindo o cansaço nas pernas.

Dados – O levantamento da SES (Secretaria Estadual de Saúde) aponta que até março do ano passado, foram 2,9 mil notificações, contra 4,9 mil neste ano. Além das duas mortes já confirmadas, o óbito de um paciente de Corumbá está sendo investigado porque pode ter sido provocado pelo vírus.

Os dados revelam que antes de mesmo de começar, o mês de março já teve 119 casos confirmados de dengue, sendo que o mês todo de fevereiro contabilizou 675 e janeiro 205 casos.

As cidades com alta incidência de casos são: Iguatemi, Selvíria, Itaquiraí, Sete Quedas, Paranhos, Sonora, São Gabriel do Oeste, Brasilândia, Naviraí, Chapadão do Sul, Eldorado e Três Lagoas. Outros treze municípios tiveram média incidência e 54 com baixa incidência de casos.

O levantamento foi realizado no dia 22 ao dia 28 de fevereiro deste ano e atualizado nesta quarta-feira (4).

Em 2010 foram 82.597 casos; em 2011, 15.506; em 2012, 16.506; em 2013, 102.026; em 2014, 9.256 e neste ano foram registrados até agora 4.940.

Unidade de saúde da Capital vem atendendo casos de dengue  (Foto: Alcides Neto)
Unidade de saúde da Capital vem atendendo casos de dengue (Foto: Alcides Neto)
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