“Ainda há muito machismo”, diz membro da OAB ao comentar fala de vereador
Ordem apresentou nota de repúdio contra Roberto Durães, que fez declarações ofensivas à mãe do prefeito
“Há muita intolerância e machismo ainda”, afirmou a presidente da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Mato Grosso do Sul), Tâmara Sanches, ao comentar sobre a polêmica fala do vereador Roberto Durães (PSC), que, em um aparte na Câmara Municipal, na terça-feira (3), falou, em um discurso que pouco tinha a ver com o assunto discutido, que “conhecia muito bem a mãe do prefeito” “no silêncio dos edredons”.
Segundo a presidente, que inclusive protocolou uma nota de repúdio ao parlamentar, hoje em dia fala-se em direito das mulheres e igualdade na sociedade, que, muitas vezes, “só existe na teoria”. “Na prática, ainda há muita intolerância. Estamos no caminho, mas o que tenho visto é que nossas conquistas ficam muito na teoria”.
Posicionamentos como o do vereador Roberto Durães, acrescenta, reforçam ainda mais pensamentos machistas e retardam ainda mais as conquistas das mulheres. “Meu posicionamento pessoal é que ele foi infeliz na declaração. É uma pessoa que não tem argumento”, disse.
Sobre a declaração, a OAB, inclusive, emitiu uma nota de repúdio ao vereador. No documento, assinado por três comissões, a Ordem repudia “com veemência a atitude machista do vereador, que ofendeu com palavras grosseiras a mãe do prefeito Alcides Bernal”.
A declaração aconteceu na terça-feira (3), quando Durães fez um aparte à fala do vereador Francisco Almeida Teles, o Chiquinho (PSD), defendia seu projeto de lei sobre iluminação pública. Durães, que sempre tece críticas ao prefeito, comentou sobre a fala do prefeito de que a Câmara Municipal é “uma corja”.
As palavras de Durães foram duras e proferidas junto de um sorriso irônico: “vou dar um recado para o prefeito. Eu conheço muito a senhora mãe dele, viu? Eu conheço demais aquela senhora mãe dele. Como eu conheço! Isso aqui é uma corja? Fala pra mãe dele quem eu sou que a mãe dele vai dizer sou eu, ainda mais no silêncio dos edredons”, afirmou.
Como pediu desculpas na sessão de ontem e pediu para o presidente do Legislativo Municipal retirar sua declaração da ata, o vereador fica imune de qualquer medida da própria casa de leis, mas pode sofrer punição se houver alguma representação externa pedindo a cassação de seu mandato por quebra de decoro.
Detalhe. O vereador só assumiu uma cadeira na Câmara porque é suplente da ex-vereadora Thaís Helena (PT) – ele mesmo concorreu vários pleitos, mas não se elegeu. Ela foi cassada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por compra de votos e Durães assumiu a vaga no fim do ano passado. O prefeito prometeu ir à Justiça contra o parlamentar por danos morais.