“Fomos jogados na rua”, dizem taxistas que trabalhavam no aeroporto
Novo serviço licitado acabou com ponto tradicional de quem já trabalhava no local há 30 anos
Há quem estivesse no Aeroporto Internacional de Campo Grande a espera de passageiros, 20h por dia, por mais de 30 anos. Agora, o temor é que o trabalho acabe. Retirados do ponto tradicional após a chegada de uma nova empresa de transporte de passageiros, taxistas relatam falta de estrutura e a dispersão dos motoristas na região.
Estão divididos, agora, entre os dois lados da Avenida Duque de Caxias - quatro táxis -, e em frente à uma Praça, no Jardim Aeroporto, onde ficam aproximadamente 23 veículos. Sem estrutura para trabalhar, a exemplo de banheiros, e sem passageiros, reclamam que dificilmente quem chega no aeroporto vai chamar um táxi.
O novo serviço de transporte que funciona no aeroporto está sob o comando da empresa Rodar Serviço de Táxi, que venceu licitação para operar ali. Funciona como um aplicativo de transporte, tem 120 motoristas cadastrados que possuem seus carros particulares e podem até trabalhar para outros aplicativos de carona.
O passageiro segue até os guichês de atendimento da empresa, apresenta documentação pessoal, informa o seu destino, que por meio de um “voucher” define o motorista e o preço da corrida, que é pago já neste momento. Por enquanto o usuário não pode mudar o caminho ao longo do percurso.
Para os taxistas, a mudança não foi precedida de discussão junto à categoria e afirmam que “foram pegos de surpresa”. Alegam que o serviço “é irregular” e que apesar do cadastro, não há como ter controle sobre os carros.
Zenilda Teixin, 54, trabalha há 7 anos no aeroporto. “São mais de 60 desempregados. Aqui não tem corrida”, comenta ela que agora está estacionada na Duque de Caxias. Zenilda também explica que por estarem distantes, em horários de pico os veículos vão demorar para chegar até o aeroporto e dessa forma, ficam sem passageiros.
Pedro Ganeco, passou 30 dos 81 anos de vida trabalhando no aeroporto. “Vão sair e não tem táxi, vão pegar aplicativo. Tirou o direito de escolha [dos passageiros]”, pontuou.
O mais novo entre os tradicionais taxistas do aeroporto, Paulo Lima, 49, só conseguiu trabalhar no local durante três meses. Ele explica que os taxistas dependem do ponto, porque não tem sistema de rádio, já que trabalhavam com exclusividade de local.
Além disso, afirma, há exigências com taxistas, regras rígidas. É impossível, diz, parar em outro ponto, pois recebem multa. “Fomos jogados na rua”, lamenta. Paulo conclui que há passageiros que preferem o táxi, mas que agora não terão escolha.
Com a mudança, apenas 1 taxista conseguiu ficar no aeroporto. A licitação é da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e a Rodar Serviço de Táxi vai pagar R$ 418,5 mil para explorar o transporte por cinco anos.