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Capital

“Houve agressão e truculência”, diz jovem sobre ação da polícia em festa

Festa de aniversário acabou com cinco pessoas detidas por causa de som alto

Luana Rodrigues | 08/03/2017 15:57
Condomínio no bairro Rita Vieira, onde ocorreu festa.
Condomínio no bairro Rita Vieira, onde ocorreu festa.

Uma das participantes da festa de aniversário que terminou em confusão, em um condomínio no Bairro Rita Vieira, na segunda-feira (6), diz que houve truculência e agressão por parte da Polícia Militar, durante ação no local. Cinco pessoas com idades entre 24 e 37 anos, que participavam do evento, foram detidas por causa de som alto.

A jovem de 24 anos, que diz ter medo de se identificar, conta que estava na festa com amigos, além de um bebê recém-nascido, quando percebeu que o síndico chegou ao local e pediu que a aniversariante diminuísse o volume do som. “Ela foi e abaixou, mesmo não estando alto. Para se ter noção, o bebê estava dormindo, mas para não incomodar, ela abaixou”, disse.

Ainda de acordo com moça, minutos depois, por volta das 22h20, policiais militares “apareceram” no local. Já em tom agressivo e sem pedir que abaixassem o volume do som que tocava na festa de aniversário, segundo versão da jovem, eles teriam dito que iriam apreender o aparelho que estava tocando música.

“Nós ficamos sem entender, porque eles nem deram o aviso para abaixar, já chegaram agressivos e dizendo que iriam apreender o som, que nem estava alto. Meus amigos ficaram desesperados, porque não tinha motivo para aquilo”, conta.

A moça diz que o grupo, incluindo a aniversariante, tentou conversar com os policiais, mas eles teriam sido ríspidos e ameaçado prendê-los, caso não entregassem o aparelho.

“Aí começou a confusão. Empurra de lá, empurra de cá, eles completamente truculentos, nós começamos a ficar desesperados, nervosos e eles disseram que nós estávamos desacatando eles, mais não era isso. Quanto mais a gente via aquela situação saindo do controle, mais a gente ficava nervoso, até que a irmã da aniversariante foi agredida e eles prenderam todo mundo”, conta.

A jovem diz que ficou surpresa com a forma com que os policiais agiram, solicitando apoio até do Batalhão do Choque da PM, e que pretende denuncia-los por abuso de autoridade. “Não tinha motivo para aquilo, nós não somos bandidos. Era um churrasquinho de aniversário, com bolo, pudim, não era uma festa de bêbados, todo mundo que estava ali trabalha. E o som não tão alto ou eu não teria feito um bebê dormir”, diz.

A testemunha diz ainda que não se conforma com a repercussão do fato,que os colocou como criminosos, e que pretender registrar uma denúncia contra os policiais, por abuso de autoridade.

“Houve desacato? Sim, houve desacato, mas só depois que eles (policiais) agiram com truculência. Para mim foi horrível, foi muito humilhante e desnecessário”, desabafa.

Vídeo - Em vídeo enviado ao Campo Grande News é possível ver parte da confusão envolvendo convidados, a aniversariante e policiais. Nas imagens, uma mulher aparece sendo presa, enquanto pessoas gritam ao fundo para que não a algemem.

Veja abaixo vídeo que mostra parte da confusão:

Versão da polícia - Conforme boletim de ocorrência, pelo menos 50 pessoas participavam de uma festa com som alto tocando funk na área de lazer do condomínio. A pedido dos condôminos, o síndico solicitou à moradora de 29 anos, responsável pela confraternização, que encerrasse o evento, pois vários moradores teriam que acordar cedo nesta terça. Porém, a mulher não teria atendido ao pedido feito por pelo menos seis vezes.

Sem outra alternativa, o síndico acionou a Polícia Militar. No local, os militares ainda tentaram conversar com a moradora, mas foram ignorados. Após ser informada de que o som seria apreendido, a jovem teria desacatado e xingou os PMs.

Por causa da situação foi dada voz de prisão à mulher, momento que os convidados partiram para cima dos policiais. Houve pancadaria, xingamentos, ameaças e desacatos.

Alguns integrantes da festa diziam que conheciam pessoas influentes e que os policiais perderiam os empregos. Até ligação à delegacia foi feita para tentar intimidar os militares. Devido à quantidade de pessoas no local, foi acionado reforço policial.

O som e celulares usados para filmar a ação foram apreendidos. Os cinco envolvidos na confusão foram levados à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga. Eles vão responder por pertubação de trabalho e sossego alheio, desacato, desobediência e resistência.

Ligações – No relato do síndico do condomínio, a confusão começou por volta das 22h15. “Os policiais pediram e a dona da casa até abaixou o som e disse que encerraria a festa, mas um grupo desobedeceu. E a coisa desandou”, disse.

Ao perceber o tumulto que se anunciava, ligou pela última vez para o 190. Uma moradora reitera o discurso do síndico. “Perguntei e a policial disse que já tinham ligado umas 50 vezes para reclamar”, disse.

“Eu não vi o início da pancadaria, propriamente dito. Os policiais desde o início queriam apreender o equipamento (de som) e levar o rolo pra delegacia. Mas ninguém queria acompanhá-los. Me prontifiquei e foi tempo de ir buscar os documentos que a coisa começou”, explicou o síndico.

Um dia depois dos fatos, o trabalhador ainda procurava entender o que aconteceu. “Essa moradora (dona da casa onde acontecia a festa) sempre foi educada, nunca me deu problemas, foi um caso isolado. Ontem mesmo tivemos outras reclamações de barulho prontamente solucionadas”, completou.

- Matéria editada às 16h04, para acréscimo de informações

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