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Capital

"Mangueira de ar comprimido não é brinquedo", diz legista em audiência

Especialistas que analisaram Wesner participam da segunda audiência do caso; acusados também serão ouvidos

Izabela Sanchez e Guilherme Henri | 02/10/2017 14:54
Audiência é a segunda sobre o caso; legistas, além de 13 testemunhas da defesa são ouvidos (Guilherme Henri)
Audiência é a segunda sobre o caso; legistas, além de 13 testemunhas da defesa são ouvidos (Guilherme Henri)

No início da segunda audiência judicial sobre a morte de Wesner Moreira da Silva, violentado no dia 3 de fevereiro em um lava jato no bairro Morumbi, em Campo Grande, legistas confirmam, no depoimento, a tese central da acusação. Um dos especialistas, Marco Antônio de Melo, alegou que a mangueira de ar foi introduzida no ânus do adolescente. Na primeira audiência, a defesa de Thiago Giovani Demarco Sena, 20 anos, e Willian Henrique Larrea, 31, tentou desconstruir a tese de acusação.

"Mangueira de ar comprido não é brinquedo. A sua proximidade pode arrancar até um globo ocular. Se fosse perto da boca aberta, poderia ter causado lesões graves no esôfago", comentou o especialista, que analisou Wesner quando o menino deu entrada em estado grave na Santa Casa.

O profissional tem como base três laudos, além de relatos de profissionais que assistiram Wesner. O médico enfatiza que mesmo que os laudos não atestem ferimentos na região anal, não excluem a possibilidade de que a mangueira de ar tenha sido utilizada para praticar a violência.

Segundo explicou, a cavidade anal pode abrir à partir da entrada do ar comprimido. "Para ter uma extensão tão grave de lesões, como o menino teve, somente o contato íntimo", comentou.

Defesa tentou argumentar - Após esse depoimento, a defesa tentou sustentar o argumento que já utiliza desde a primeira audiência, ou seja, de que a mangueira não foi introduzida no ânus do adolescente. Para isso, utilizou laudos da necropsia, onde constam fezes nas roupas de Wesner, uma forma de indicar que o objeto não teria sido utilizado para violentá-lo, já que ele estaria vestido.

O advogado, Samuel Trindade, chegou a pedir um novo parecer com base nesses laudos, e recebeu negativa veemente do legista.

Ainda que analise os laudos, sustentou o médico, não irá mudar o parecer pois, segundo ele, a presença das fezes na roupa do adolescente não comprova que a mangueira não tenha sido utilizada para agredi-lo.

A promotora do caso, Lívia Carla Guadanhim Bariani, da 18ª Promotoria de Justiça, questionou o argumentou do advogado: "se ele tivesse com roupa mesmo teria ficado nesse estado grave?". O legista, então, respondeu que não. "Se ele estivesse com roupa com certeza não teria ficado tão ferido assim", comentou.

"Chegou inchado"

O primeiro a depor durante a audiência foi o médico clínico geral, Pedro Paulo Ferreira Gonçalves, responsável pelo primeiro atendimento ao adolescente, no CRS (Centro Regional de Saúde) Tiradentes. O profissional relatou que Wesner chegou ao local "completamente inchado".

Ele relata que ainda notou a presença de "fezes nas pernas" do menino. Ao perceber a gravidade do caso, relatou o médico, encaminhou Wesner para o atendimento na Santa Casa. Durante a audiência, também serão ouvidas 13 testemunhas da defesa.

Caso - Quem fez a denúncia contra a dupla foi o primo da vítima, de 28 anos, no mesmo dia do crime. No relato à delegacia, o rapaz disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.

Wesner teve hemorragia grave e uma parada cardiorrespiratória na Santa Casa, segundo a assessoria de imprensa do hospital, onde o adolescente de 17 anos ficou internado por 11 dias.

 

*Matéria alterada às 15h32 para acréscimo de informações.

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