“Não vou falar”, diz oficial que matou marido após depoimento de 3 horas
A tenente-coronel Itamara Nogueira foi ouvida nesta segunda-feira pela Corregedoria em primeira audiência
Após depoimento de quase três horas no Conselho de Justificação da PM (Polícia Militar), a tenente-coronel Itamara Romeiro Nogueira, 41 anos, deixou o prédio da Corregedoria da instituição, em Campo Grande, sem dar entrevista. "Não vou falar", disse, de forma sucinta.
O processo administrativo, que pode resultar em punição, foi aberto após a oficial matar o marido em julho de 2016. O esposo Valdeni Lopes Nogueira, 45 anos, era major da PM.
A tenente-coronel foi ouvida nesta segunda-feira (dia 9). De acordo com o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, a defesa preliminar deve ser apresentada em cinco dias. “Essa foi a primeira audiência. Foram feitas perguntas relacionadas com a vida funcional da Itamara. Ela foi muito clara ao responder às perguntas”, afirma.
Na próxima audiência, a defesa deve apresentar testemunhas. Itamara é lotada na Assessoria Militar do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Groso do Sul). Conforme consulta ao Portal da Transparência do governo do Estado, a oficial tem remuneração de R$ 21 mil e pensão por morte de R$ 7.629.
De acordo com o corregedor-geral da PM, coronel José Gomes Braga, são três possibilidades finais para o procedimento administrativo: que a tenente-coronel fique sem punição, que ela seja excluída ou ainda reformada. No último caso, é enviada para a reserva da corporação, com os vencimentos mantidos.
Justiça – A primeira audiência pelo crime de homicídio foi realizada dia 3 de outubro na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Na tarde de 12 de julho de 2016, o casal estava discutindo em casa, no bairro Santo Antônio, e por volta das 16h30 a mulher efetuou disparos contra o marido. Com a chegada da PM, Itamara se trancou na residência e se negou a entregar a arma, mas confessou o crime.
A oficial afirmou à Justiça que foi vítima de violência doméstica, que já ocorria há tempos, e desta vez, agredida com socos e tapas, teria sido ameaçada de morte pelo marido e agiu em legítima defesa.
Na denúncia, o MP/MS (Ministério Público) aponta que a tese de legítima defesa não está suficientemente comprovada no contexto de provas e que não houve apreensão de arma próxima à vítima. Para a promotoria, a denunciada poderia ter direcionado os tiros para região menos letal.