“Pé de valsa” deu golpe e matou mulher após ela tomar presente
Preso na última quinta-feira (16) por investigadores da 2ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, o pedreiro Jacob Pedro Gerharkt Filho, 60 anos, foi apresentado nesta manhã (21), acusado do assassinato da diarista Eva Mara dos Santos, 45 anos. O homicida utilizava as habilidades de “pé de valsa” para se aproximar das mulheres em bailes da Capital. Foi desta maneira que ele conheceu a vítima.
O crime aconteceu em março, motivado pelo fim do relacionamento e por uma dívida de R$ 1 mil que ele tinha com a mulher, referente a compra de três telefones celulares feitos em nome de um dos filhos dela. Segundo o delegado Weber Luciano de Medeiros, titular da 2ª DP, o homicídio foi planejado. Além da dívida e do fim do namoro, Jacob também não admitia o fato de que Eva estivesse envolvida com outra pessoa.
O casal se conheceu durante um baile no Clube dos Amigos. O relacionamento não durou muito tempo, mas foi suficiente para causar inúmeros prejuízos à vítima. De acordo com o delegado, o homem possuía forte poder de persuasão e na “lábia”, convenceu Eva a vender um terreno e comprar uma Volkswagen Kombi para que ele pudesse trabalhar. Neste período, ele ainda adquiriu três celulares no nome de um dos filhos dela, e não pagou nenhuma prestação.
Quando o namoro entre eles terminou, Eva tomou a Kombi com a qual havia presenteado Jacob, e também passou a cobrá-lo pelos celulares. A partir de então o convívio entre ambos passou a ficar tenso. Na noite do dia 26 de março, Jacob convidou Eva para uma negociação e pediu que ela fosse até a casa dele, que fica na Rua Eumira Ferreira de Lima, no Parque Morada do Sossego.
Sem desconfiar de nada, a mulher saiu do trabalho e foi ao local combinado imaginando que receberia algum dinheiro para cobrir as prestações. Antes de entrar na casa, ela recebeu a ligação de uma amiga e disse onde estava – esta foi a última pessoa com quem ela falou. Em seguida, ao entrar na residência, foi covardemente atacada pelas costas, por Jacob, que utilizou uma corda de nylon para enforcá-la até a morte, sem chance de defesa.
Em seguida, ele colocou o corpo em outra Kombi que comprou com dinheiro emprestado já de outras mulheres, e levou até uma chácara que fica aos fundos da área de lazer do Colégio Latino Americano, na saída para Rochedinho. “Ele elaborou todo esse plano. Quando a chamou para ir até sua casa, ele já sabia o que iria fazer. Desde o início, com as informações preliminares, sabíamos que ele era o culpado, no entanto, precisávamos de mais provas para incriminá-lo”, explicou Weber.
Investigações - O corpo foi encontrado no dia seguinte após o crime, sem nenhum documento. A polícia conseguiu a identificação da vítima e passou a apurar as causas da morte, chegando ao principal suspeito, que inicialmente negou a ação. As diligências continuaram e aos poucos mais provas foram colhidas.
“Nós ouvimos a amiga que falou com Eva antes dela ser morta, e até um pai de santo que teria recebido a confissão do homicídio por parte de Jacob. O pedreiro chegou a admitir para sua atual namorada que matou Eva. Encontramos vestígios de DNA dele sob as unhas da doméstica, o que prova que houve luta pela vida. Com todas as provas, pedimos a prisão dele", relatou o delegado.
Durante a apresentação Jacob negou que planejou o crime e disse que foi atacado. "Ela avançou contra mim e eu me defendi", alegou. Ele vai responder por homicídio qualificado por motivo fútil, sem chance de defesa e também por ocultação de cadáver.
Dançarino - O homem foi detido em sua casa quando saía de carro. Sabendo que seria preso, planejava a venda de todos os pertences para tentar fugir. Ainda conforme o delegado, o acusado trabalhava com obras, mas dizia para as mulheres que era dançarino profissional e que, inclusive, iria participar de concursos na TV. “Ele usava a lábia poderosa e o jeito para a dança que tinha, para convencer as mulheres a sair com ele e a lhe emprestar dinheiro. Algumas delas chegaram a dar R$ 5 mil e até R$ 10 mil a ele".
Além deste crime, o pedreiro já havia sido processado por outro homicídio. “É um indivíduo ardiloso, meticuloso, frio e extremamente perigoso, que precisa viver segredado da sociedade de bem. Este trabalho de prisão deve ser atribuído não só aos delegados, mas também aos investigadores, aos peritos e ao médico legista que auxiliou nas ocorrências", concluiu Weber.