A poucos metros de casa, Gustavo morreu atropelado, brincando com irmão
Gustavo Henrique foi atropelado na rua Rio Oranges durante a tarde do último sábado (17)
Em menos de dez minutos, o mecânico João Paulo da Silva Ferreira, de 30 anos, fez a transição entre ver os filhos brincando de bicicleta em frente de casa e ouvir o menino mais velho, confuso, pedindo por ajuda para o irmão. Atropelado a poucos metros de casa, Gustavo Henrique, de 7 anos, não conseguiu sobreviver e morreu na Santa Casa durante a tarde do último sábado (17).
Ainda sem chão e com a bicicleta de Gustavo no quintal de casa, o mecânico relembra que o menino costumava ficar por perto e, furando o cotidiano, foi vítima do acidente fatal na rua Rio Oranges, no bairro Monte Alegre. “Ele sempre ficava aqui na frente, mas de tarde ele e o irmão deram a volta na quadra. Foi sair de uma calçada e o carro pegou ele”, explica.
Dentro de casa, minutos depois, ele ouviu a voz do outro filho, de 10 anos, chorando sobre o acidente. “Só o Gustavo foi pego pelo carro, o outro veio correndo pedir ajuda. Ainda queria pegar o irmão para ajudar e ficou em trauma, não consegue falar porque começa a chorar lembrando”.
Longe de ver o filho como de costume, João virou a quadra e viu a criança ao chão com hematomas espalhados pelo corpo. Ele relata que, ainda com vida, Gustavo gritava de dor e a cor roxa se espalhava pelo peito. Vendo o tempo demorar a passar, o mecânico relata que colocou o foco na segunda ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegando e levando o filho.
“Primeiro veio uma ambulância para dar os primeiros socorros, tempos depois chegou a outra e levou ele. Já saiu intubado daqui e foi direto para o hospital. A mulher que estava no carro ficou lá na rua, deixou um número e foi embora”, João Paulo relata.
Devido à morte não ter acontecido no local do acidente, João diz que a polícia não foi até o endereço. Por este motivo, João precisou ir até a delegacia para conseguir liberar o corpo do filho. “Fui até a Depac e registrei lá ontem. Conseguimos fazer o enterro dele só hoje”.
Seguindo o mesmo clima na tarde desta segunda-feira (19), a rua no Monte Alegre continuou com o cenário pós-acidente, sem crianças e em silêncio. A reportagem tentou entrar em contato por ligação com a motorista envolvida no acidente, através do número deixado com os familiares de Gustavo, mas as chamadas não foram atendidas.
Sinalização - Relembrando sobre a cena, o pai de Gustavo explica que em memória do filho só consegue pedir por atenção de quem dirige, principalmente porque o menino não foi a primeira vítima. “Os motoristas precisam prestar mais atenção. Não é o primeiro acidente que tem aqui, um idoso já foi atropelado e ficou mal, a gente não quer que continue assim”.
Avó de Gustavo, Antônia Maria da Silva Garcia, de 55 anos, relata que vê necessidade de sinalização de trânsito e redutores de velocidade na região. “O pessoal passa muito rápido por aqui, precisava ao menos de um quebra-molas e placas para conter esse tipo de situação”.
Em nota, a prefeitura de Campo Grande informou que a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) irá enviar técnicos no local para verificar a necessidade de sinalização.