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Capital

Abandonada duas vezes, mulher com deficiência "mora" em UPA há quase 3 meses

Irmão acusa ex-mulher pelo abandono e tenta conseguir vaga em residência inclusiva

Por Cassia Modena | 20/02/2024 11:45
Mulher de 46 anos tem deficiência intelectual e está na UPA Vila Almeida (Foto: arquivo da família)
Mulher de 46 anos tem deficiência intelectual e está na UPA Vila Almeida (Foto: arquivo da família)

Enquanto espera definição sobre quem ficará responsável por seus cuidados, uma mulher de 46 anos com deficiência intelectual "mora" na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, em Campo Grande, há quase de três meses. Ela recebeu alta em novembro do ano passado, mas não tem para onde ir.

O Campo Grande News já falou sobre a situação, que virou caso de polícia porque a curadora (responsável legal por administrar o benefício assistencial) da internada “desapareceu” e não responde às tentativas de contato.

A procurada é ex-esposa de Paulo Henrique Nogueira, o irmão da mulher que está na UPA. Ela recebeu o dever legal de cuidar da cunhada, pouco antes da morte da ex-sogra e primeira curadora.

Paulo afirma estar tentando de tudo para reverter a curatela e bloquear o benefício, que é sacado irregularmente pela ex todos os meses. "Ela está morando em Santa Catarina. Bloqueou no WhatsApp e não atende ligação. Usa o cartão e todo dia 2 tira o dinheiro do banco", conta.

Ele já registrou boletim de ocorrência denunciando-a por abandono de incapaz e apropriação indébita.

Condições financeiras - O irmão é mecânico e afirma receber pouco mais de um salário mínimo atualmente. A renda é insuficiente para custear gastos com a mulher. Além disso, ele não pode deixar de trabalhar para ser seu cuidador, argumenta.

Ainda assim, explica que não a abandonou. "Moro longe, no Bairro Nova Lima, e não tenho como ir visitar sempre, mas há duas semanas estive lá para levar shampoo, sabonete e fraldas para ela. Fiz hora extra no trabalho para levantar dinheiro e comprar essas coisas", relata. Como não pode arcar com a alimentação da internada, conta estar recebendo ajuda diariamente dos funcionários da UPA para conseguir marmitas para ela no almoço e jantar.

O que ele pretende agora, é conseguir vaga gratuita para a irmã em uma residência inclusiva, que seja conveniada com o poder público. "Fui em tudo quanto é lugar para tentar. Até agora nada, ninguém fala nada", diz.

Quanto à curatela ter caído nas mãos da ex-cunhada da mulher com deficiência, Paulo reforça que foi a mãe quem decidiu assim. "Antes de morrer, ela transferiu para a minha então esposa, que ajudava a cuidar da minha irmã", justifica.

Abandonada duas vezes - A última "casa" da mulher foi uma clínica particular, que a curadora deixou de pagar. Foi sob os cuidados da empresa que a paciente foi deixada na UPA por estar passando mal, mas sem ser acolhida de volta.

Residência inclusiva - A SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) afirmou que acompanha o caso e está tomando providências para que o destino da internada na UPA seja definido logo. Enquanto isso, a pasta frisa que as redes de assistência social e psicossocial do município prestam cuidados a ela.

"Já iniciamos os trâmites na rede municipal e junto ao Poder Judiciário para avaliar se a paciente realmente possui perfil para acolhimento em uma unidade de residência inclusiva, haja vista que ela conta com um irmão que cuida de sua alimentação diariamente, conforme acordado com a Justiça", esclareceu a SAS, por meio da assessoria de imprensa.

A secretaria ainda explica que a vaga em residência inclusiva só é disponibilizada se a mulher se enquadrar nas prerrogativas da Política Nacional de Assistência Social, que prevê serviço de acolhimento exclusivamente para pessoas sem retaguarda familiar ou que não possuem renda.

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