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Capital

Abordagem de moradores de rua causa insegurança em regiões do Centro

A reportagem esteve em locais com aglomeração de pessoas em situação de rua

Ana Beatriz Rodrigues | 30/07/2023 14:23
Moradores de rua deitados em frente à entrada de mercado desativado (Foto: Alex Machado)
Moradores de rua deitados em frente à entrada de mercado desativado (Foto: Alex Machado)

As pessoas que passam pela Joaquim Murtinho, cruzamento com a Rua Ricardo Brandão ou pela Praça São Francisco, nos altos da Rua 14 de Julho, já devem ter notado a quantidade de pessoas em situação de rua que escolheram esses dois pontos da Capital como lugar para se alojarem.

Apesar de serem locais da região central de Campo Grande, para os comerciantes e pessoas que transitam por ali, esses espaços foram esquecidos. A reportagem do Campo Grande News percorreu esses dois pontos da cidade e conversou com a população.

Ada Mesa, de 50 anos, esteticista e dona de um salão na Avenida Joaquim Murtinho perto do prédio onde funcionava um supermercado, revelou à reportagem que ela não se sente segura em deixar a porta do estabelecimento destrancada. Segundo ela, com o prédio fechado, as entradas viraram moradia, "encheu de moradores de rua, as pessoas evitam passar ali, aí acaba afetando o comércio que ainda existe aqui perto, tem um espaço que ficava a caixa de energia do mercado que hoje é feito de banheiro por eles, o cheiro é insuportável”, contou a mulher.

Espaço que os andarilhos transformaram em banheiro; é possível perceber o cheiro forte (Foto: Alex Machado)
Espaço que os andarilhos transformaram em banheiro; é possível perceber o cheiro forte (Foto: Alex Machado)

“Eu aproveito para sair do meu comércio por volta das 17h, porque é o horário que os militares ficam ali na frente do quartel, aí me sinto mais segura, mas depois das 17h, quando não tem mais claridade, é meio arriscado; eles às vezes passam aqui na janela e ficam pedindo as coisas, comida e água eu dou, mas dinheiro não dou, aí tem vezes que eles querem dinheiro para comprar a ‘pinguinha’”, finalizou.

Danilo é empresário na região da Praça São Francisco (Foto: Juliano Almeida)
Danilo é empresário na região da Praça São Francisco (Foto: Juliano Almeida)

 Já na Praça São Francisco, o empresário Danilo Diniz da Costa, 65 anos, contou que o maior problema é a sujeira. “Fica muito morador de rua ali, mas eles não dormem, é estranho porque aqui é só o local de passagem deles. A rotatividade de gente é grande, mas tem os andarilhos fixos aqui que a gente consegue já guardar o rosto, às vezes ele vem pedir comida ou um trocado."

Há vários estabelecimentos comerciais no entorno da praça e os consumidores admitem temer pela segurança.“É uma insegurança tremenda, sempre temos que ficar atentos enquanto colocamos a compra dentro do carro, porque quando menos a gente espera aparece um rapaz para pedir alguma coisa, às vezes eles chegam de boa, às vezes vem numa agressividade”, contou a advogada Marly Gruberty Chaves.

Durante a entrevista, a advogada relembrou quando ajudou outra mulher dentro do estacionamento (Foto: Alex Machado)
Durante a entrevista, a advogada relembrou quando ajudou outra mulher dentro do estacionamento (Foto: Alex Machado)

Ela relembrou que já ajudou outra mulher em uma ocasião em que passava por uma abordagem ostensiva por pedintes. “Teve um dia que me solidarizei com uma mulher, o rapaz estava muito em cima, ele insistia e ela estava sozinha, foi quando eu gritei 'oh amiga, quer ajuda aí?', aí ela respondeu que sim, fiquei perto dela e chamei o segurança, depois disso, o andarilho foi embora”, comentou a advogada.

Essa semana, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes concedeu uma liminar e determinou que estados e municípios tenham ações para atender pessoas em situação de rua, como prevê a Política Nacional para a População em Situação de Rua. Também determinou que em 120 dias a União crie um plano de ação e monitoramento, A Política Nacional é de 2009 e segundo divulgado somente 5 estados e 15 municípios fizeram a adesão até 2020.


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