Acordada, grávida que foi intubada com covid faz chamada de vídeo emocionante
Para preservar a esposa, Richard não compartilhou a foto da chamada, mas descreve quão emocionante foi a cena
"Foi a melhor sensação do mundo poder ver ela de novo. Graças a Deus, ela estava bem lúcida, entendendo tudo, me reconheceu". A família não divulga imagens para evitar a exposição da paciente, mas a voz do eletricista Richard Pulquério Alves, de 30 anos, chega a embargar ao contar como foi falar com a mulher, Erika Ferreira de Santana, por chamada de vídeo, 31 dias depois de começar todo o pesadelo da covid na vida da família.
Grávida de gêmeos, Erika, de 36 anos, foi internada no dia 12 de junho e intubada na manhã seguinte. Ela havia tomado uma dose da vacina, mas os médicos acreditam que a gestante já estava com a covid.
No dia 30 de junho, os bebês: Gabriel e Rafael nasceram de uma cesariana, com 29 semanas, no Hospital El Kadri, em Campo Grande, mesmo local onde a mãe está internada.
No último sábado (10), os médicos começaram a tirar os sedativos e Erika despertou aos poucos. Na segunda-feira ela ainda estava sonolenta, e apenas ontem (13), depois de ver a foto dos bebês, conseguiu conversar com o marido por chamada de vídeo.
"Eu disse pra ela ficar firme, que tinha uma multidão de gente orando por ela. Ela chorou quando a gente começou a conversar, meu coração é só gratidão a Deus e a todos que estão ajudando em oração", diz Richard.
Erika não conseguiu falar, porque está com traqueostomia, e segue internada na UTI. A conversa foi fotografada, mas para preservar a esposa, Richard preferiu não compartilhar a imagem nem as fotos dos gêmeos.
Desde que os médicos diminuíram a sedação, Erika já vinha ouvindo áudios enviados pelo marido contando do nascimento dos bebês e que Gabriel e Rafael estavam bem.
Surpreso com a lucidez de Erika, Richard ficou ainda mais impressionado. "Eu tinha medo que ela não me reconhecesse de primeira. Depois, à noite, eu consegui fazer mais uma chamada de vídeo com ela. Mostrei os bebês na UTI neonatal e ela ficou bastante emocionada", descreve.
Apesar dos gêmeos estarem internados no mesmo hospital que a mãe, Erika não pode sair da UTI ainda, nem as crianças. A mãe continua respirando sozinha, mas sem previsão de alta da UTI. "Por enquanto os médicos vão manter para verificar se não tem nenhuma intercorrência", comenta Richard.
Um andar abaixo, na UTI neonatal, Gabriel e Rafael só que crescem. Com 15 dias de nascidos, eles já estão respirando sozinhos, sem nenhum aparelho nem acesso. "Eles estão bem, só precisam ganhar peso para poder ir embora. Até as meninas da UTI falam que é impressionante bebê prematuro de 29 semanas estarem bem como eles. É um milagre", acredita o pai.
Início - Juntos há três anos, o casal se conheceu pelas redes sociais, e por compartilharem da mesma religião, o primeiro convite partiu de Erika, para que Richard fosse à igreja dela.
A surpresa de virem gêmeos trouxe alegria e ao mesmo tempo preocupação ao pai. "A gente sabe que tem o gasto, né? Mas eu fico muito grato a Deus, porque era uma coisa que eu sempre admirava e Deus pode dar pra mim. O mais engraçado é que não temos nenhum caso de gêmeos na família", brinca.
A família havia começado uma campanha de doação para montar todo o enxoval, já que Gabriel e Rafael nasceram antes mesmo do chá de fraldas, previsto para acontecer neste mês de julho. "Graças a Deus recebemos bastante coisa, fomos muito abençoados".
As crianças precisam atingir 1.800 quilos para poderem sair da UTI, já a mãe, segue sem previsão de alta, mas espera conhecer, pessoalmente, os filhos o quanto antes. "Sei que no primeiro momento que ela receber alta, vai querer descer para a UTI neonatal e eu quero estar lá no momento em que ela for conhecer eles", espera Richard.