Adolescente diz que pegou moto escondido e foi confundido por guardas
Garoto diz que foi comer no bairro com a namorada quando agentes abordaram o casal
O adolescente, de 17 anos, agredido por guardas civis no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande, explicou que foi confundido pelos agentes e que não entende o porquê do ato de violência. O jovem pegou a moto escondido da mãe para ir até uma lanchonete no bairro com a namorada de 18 anos. A abordagem aconteceu no retorno para casa. O episódio aconteceu no sábado (21) e foi filmado por quem passava na região.
O adolescente disse ao Campo Grande News que no trajeto passaram por um grupo de motociclistas, entre eles entregadores, e que nesse momento os guardas abordaram e pediram para que parassem. Segundo ele, o trânsito impediu que o jovem parasse o veículo imediatamente.
“Apareceram dois guardas correndo atrás do grupo de moto, continuei andando normalmente, e deram ordem de parada, mas no momento não tinha como parar, pois haviam muitas motos e carros, então no primeiro cruzamento já virei à esquerda e subi na calçada para poder parar em segurança".
Neste momento, os guardas teriam derrubado o jovem e, consequentemente a namorada, que ocupava a parte de trás da moto. O motorista conta que não houve explicações, tampouco tempo de explicar nada aos guardas.
“Chegaram batendo e derrubando. Parei a moto e os policiais já abordaram com um empurrão que derrubou a moto comigo e com a garupa, logo em seguida já começaram a me agredir com chutes e socos. Me levantaram pelo pescoço, me deixaram no chão e continuaram chutando. Não explicaram o motivo de ter nos parado e agido dessa forma. Logo em seguida solicitaram reforços de outros agentes da Gemop [Grupamento Especializado de Motopatrulhamento]”.
No domingo (22), o jovem fez exame de corpo de delito e a namorada está na delegacia com os pais para registrar boletim de ocorrência. A mãe do motociclista, de 44 anos, alega que vai procurar os direitos do filho e que nada justifica a ação dos agentes e que sabe o erro que o filho cometeu em pilotar sem habilitação.
“A moto é minha, está no meu nome. Nesse dia ele pegou escondido, estávamos dormindo e ele pegou. Fiquei sabendo na madrugada quando eles já tinham sido parados pela guarda. Ele não pega a moto, mas nesse dia pegou. Ele está errado sim, mas não precisava disso. Ele não teve reação nenhuma. Vamos atrás dos nossos direitos. Mesmo que fosse habilitado eles iriam agredir igual, não deram nem tempo pra ele falar”.
O motociclista alega, ainda, que não derrubou nenhum agente e que queriam culpá-lo por algo que não aconteceu. “Relataram o fato de um guarda que acabou caindo durante a operação, porém nem estávamos perto dele, tem vídeos que provam e testemunhas do local, apesar disso um dos eles insistiram em me acusar”.
Outro lado - Conforme já noticiado, a GCM emitiu nota à imprensa após um agente ter sido filmado agredindo um motociclista. Segundo o documento, o condutor do veículo havia desrespeitado o sinal de "pare" durante a abordagem da guarnição. Após o vídeo ser divulgado, o servidor identificado como agressor do jovem foi imediatamente afastado do cargo.
“O indivíduo que aparece no vídeo passando pela abordagem da Guarda, momentos antes havia empreendido fuga da guarnição, pois participava de um 'rolezinho' de motos, motivo pelo qual havia sido abordado, e não estava, naquele momento, atuando como moto entregador", discorre o texto. O motociclista agredido afirma que não é moto entregador.
A GCM também forneceu um vídeo, onde é possível ver que um dos agentes do Gemop colide com um veículo parado no semáforo e cai na Avenida Thyrson de Almeida. Apesar da queda, a equipe deu sequência à perseguição.
Os agentes alegam que o casal perdeu o controle da moto e caiu na Rua Tancredo Neves, esquina com a Ezequiel Ferreira Lima e que disse ter fugido por não ter CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
O secretário da Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), Anderson Gonzaga, disse que o jovem fugiu dos guardas porque participava de um "rolezinho" de motos.
"Motivo pelo qual havia sido abordado, e não estava, naquele momento, atuando como motoentregador. Como pode ser visto, conforme o vídeo, ele derruba o servidor, que atuava no Gemop. Deixamos claro que tal conduta, de ter derrubado o GCM, não justifica a agressão, ato que será apurado dentro do rigor de um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) e o servidor afastado de suas funções, porém, o GCM também foi vítima, uma vez que foi derrubado da motocicleta".
Ele acrescenta que a pasta possui a Ouvidoria e a Corregedoria para receber denúncias de cidadãos e apurar a conduta de seus servidores. "A GCM, mais uma vez, deixa claro que não compactua com esse tipo de comportamento".
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